Responsável por jogos de estratégia para dispositivos móveis como State of Survival, King of Avalon, Guns of Glory, Stormshot e Sea of Conquest, a produtora FunPlus escolheu Lisboa para abrir o seu novo estúdio com a marca Ellipsis. A equipa em nacional já conta com nove especialistas e criativos, liderada por Alexandre Amancio. Em três anos, a marca pretende contratar cerca de 50 profissionais, principalmente para áreas criativas..Ao Dinheiro Vivo, o diretor da Ellipsis e senior vice president da FlunPlus explica que "as iniciativas criativas e de startups de Lisboa são cruciais para posicionar a cidade como um grande player na indústria dos videojogos na Europa — se não a nível global. O Hub Criativo do Beato, em particular, oferece espaços únicos que podem ser desenvolvidos como infraestruturas chave para apoiar o setor dos videojogos, como estúdios de captura de movimento e de som, e estes são apenas alguns exemplos"..A partir do estúdio, na avenida Duque de Loulé, na Fintech House, a Ellipsis está perto do ecossistema criado em torno do Gaming Hub, da Unicorn Factory Lisboa. Desta forma, os criativos irá trabalhar também em conjunto com as restantes geografias da FunPlus, como a sede na Suíça, ou China, Singapura e Espanha, "para partilha de conhecimento, agilidade criativa e técnica, mas com o conhecimento local da indústria em plena ascensão em Portugal. O objetivo da FunPlus é construir uma organização global que ofereça a melhor experiência de entretenimento interativo a jogadores do mundo inteiro", explica a empresa em comunicado.."No final, acredito que o governo também precisa de trabalhar em incentivos para atrair empresas e talento. Não me interpretem mal — investir em startups locais e trazer capital para alimentar esse crescimento é uma abordagem fantástica. Mas empresas estabelecidas também são uma parte essencial de um ecossistema saudável, pois podem impulsionar o crescimento da indústria local e cultivar o talento que, eventualmente, dará origem à próxima geração de startups", acrescenta ao DV Alexandre Amancio..Comic made in Portugal.Para já, a "FunPlus irá ainda lançar oficialmente o seu comic de estreia 'Sea of Conquest: Cradle of the Gods', um produto inaugural que simboliza a essência e a visão do estúdio. Este comic totalmente desenvolvido pela equipa portuguesa - desde a narrativa até à coordenação com os artistas - servirá como uma pedra angular do universo criativo da empresa, sendo o primeiro exemplo dos mundos imersivos que a equipa está a criar através de várias plataformas e meios", avança a empresa suíça em comunicado..Quando perguntamos a Alexandre Amancio como se cruza o mundo dos videojogos com séries de televisão e cinema, o diretor da Ellipsis não esconde que "certamente há alguma sobreposição, especialmente quando se trata de representação e desempenho em videojogos", não o que pode parecer limitador, traz também oportunidades. "Prefiro olhar para isto de outra forma — ainda percebemos os setores de entretenimento como separados porque os vemos através de uma perspetiva de negócio. No entanto, do ponto de vista do consumidor, essas linhas estão cada vez mais esbatidas. Para as gerações mais novas, essas divisões praticamente não existem", explica. "Pensemos nisto: a Geração Z consome principalmente entretenimento através de telemóveis e tablets, que são essencialmente janelas para um oceano de conteúdos. Eles veem filmes e séries, jogam videojogos, leem livros, ouvem música e podcasts — tudo de forma fluida. E se for menos sobre o meio e mais sobre os mundos (propriedades intelectuais) que eles querem explorar?" É desta forma que Alexandre acredita que esses setores se cruzam. "O futuro do entretenimento passará por investir em IP [propriedade Intelectual, na sigla inglesa] — criar mundos cativantes — e usar diferentes meios apenas como ferramentas para entregar essa experiência.".O estúdio em Lisboa.A equipa de Lisboa irá trabalhar na estratégia de propriedade intelectual e criação de universos, com uma equipa central de desenvolvimento de jogos dedicada a projetos cross-platform. " Continuaremos a colaborar com a FunPlus como guias no desenvolvimento de propriedades intelectuais originais em vários meios. Esta valiosa experiência estará agora baseada aqui em Lisboa", resume Alexandre Amancio. "Além disso, já estamos a trabalhar numa propriedade intelectual original, criada aqui — um jogo para PC, de plataformas cruzadas, que fará parte de um ecossistema mais amplo, incluindo banda desenhada, séries animadas, podcasts e romances, entre outros formatos. A nossa visão é manter o estúdio e as suas equipas com uma dimensão humana, com 30 a 50 pessoas por equipa. Começaremos com uma equipa e construiremos a partir dos sucessos à medida que forem surgindo".."Estamos a assistir a uma transformação na forma como as audiências interagem com o entretenimento. Os fãs já não são só consumidores passivos - são exploradores à procura de experiências imersivas em várias plataformas", explica em comunicado Chris Petrovic, CBO da FunPlus. "O Estúdio Ellipsis é a nossa resposta a essa mudança, ao criar novas oportunidades para os fãs mergulharem mais fundo nos mundos que adoram, enquanto também desenvolvemos PI originais que inspiram e cativam, permitindo-lhes fazer parte dessa jornada de A a Z.".Para o diretor da Ellipsis, Portugal não tem ainda profissionais do setor suficientes para se tornar competitivo, mas há passo fundamentais a dar para resolver isso. "Primeiro, precisamos que empresas de videojogos já estabelecidas abram estúdios em Lisboa, o que criará empregos bem remunerados e atrairá talento global de topo. Isto, por sua vez, criará um ciclo positivo, onde talentos mais juniores serão atraídos para trabalhar ao lado de profissionais experientes", considera Alexandre. "Precisamos de suficientes intervenientes da indústria na cidade para gerar uma massa crítica, que esperamos que se torne auto-sustentável. Esse é o primeiro passo. Em segundo lugar — e esta é a estratégia mais importante a longo prazo —, precisamos de continuar a desenvolver talento de topo através das nossas universidades. Criar parcerias com universidades é essencial para garantir que a educação permanece concreta e relevante para as realidades do desenvolvimento de jogos.".Alexandre Amancio já está a colaborar com a Universidade Lusófona neste sentido. "Contudo, devo sublinhar o quão crucial é atrair empresas já estabelecidas para Portugal. Estas empresas atuam como âncoras, atraindo e retendo talento — especialmente nas fases iniciais da jornada de Lisboa para se tornar um grande hub de desenvolvimento de videojogos. Sem essas âncoras, continuaremos a perder o nosso talento no atual ciclo de imigração."