O que acontece no ecossistema português de startups nos 361 dias por ano em que não há Web Summit? A associação Startup Portugal juntou os vários atores do empreendedorismo nacional nesta sexta-feira no espaço Ferroviário, em Lisboa. A entidade conta agora com um Conselho Estratégico, que deixou várias sugestões durante um debate.
Participaram no painel o co-fundador da startup Barkyn, André Jordão; o responsável da Google em Portugal, Bernardo Correia; o responsável da Accenture em Portugal, José Gonçalves; o líder da Startup Braga, Luís Rodrigues; e o presidente do Conselho Estratégico da Startup Portugal, Manuel Caldeira Cabral.
O debate começou logo pelas sugestões das startups. "Não podemos ter entraves ao investimento estrangeiro. É preciso promover Portugal como marca tech. Temos de fazer o mesmo como no turismo", propôs André Jordão. Para este empreendedor, "é preciso impulsionar mais as startups que já têm validação no mercado".
O líder da Barkyn nota ainda que é preciso "apostar em medidas cirúrgicas para captar talento e baixar os entraves à entrada de capital.
José Gonçalves focou as propostas na área do talento e salientou que "é preciso reter as startups em Portugal", que muitas vezes mudam a sua sede fiscal para outros países.
Para o responsável da Accenture em Portugal, é preciso "alargar o número de pessoas com formação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática; reforçar a aposta no trabalho remoto para captar quadros no interior de Portugal; acelerar a reconversção de competências para entrar no mundo do trabalho; usar mais o inglês no mundo empresarial; e captar talento, empreendedores e capital ao estrangeiro".
Bernardo Correia chamou a atenção para a "oportunidade absolutamente histórica" do trabalho remoto e avisou que "há 90 milhões de pessoas em risco de desemprego se não forem requalificadas". O líder da Google em Portugal considera ainda que os vistos para captação de talento extra-comunitário "têm de ser muito mais eficientes".
Luís Rodrigues salientou que "é preciso criar instrumentos para financiar as incubadoras" porque 80% delas "não têm fins lucrativos e vivem em regime de serviços mínimos".
Na conclusão, Manuel Caldeira Cabral referiu que "há mais investidores a olharem para Portugal" e que, por isso, "é preciso reformar os instrumentos de apostar em soluções de co-investimento", em que uma ronda de investimento conta com entidades estatais e entidades privadas.