A PSA, empresa de Singapura que detém a concessão do porto de Sines, investiu, no ano passado, um total 40 milhões de euros. A caminho poderão estar outros 100 milhões, mas, para isso, é preciso negociar com o governo.
O investimento feito no ano passado serviu para expandir as infraestruturas, aumentando a capacidade do terminal de contentores, o Terminal XXI, de 1,7 para 2,5 milhões de TEU (unidade equivalente a um contentor de 20 pés).
Concluída a última fase das obras, que permitiu a acostagem de navios de pequeno porte e libertou a frente do cais de maior dimensão, de 940 metros (que recebe os grandes porta-contentores), não há, para já, planos de novos investimentos. Mas, no futuro, o objetivo da PSA - que é, aliás, visto como “desejável” por parte dos responsáveis do porto de Sines, uma vez que o cais está a atingir o seu limite - passa por alargar o cais que recebe os porta-contentores para os 1.150 metros. Estas obras corresponderiam a um investimento de cerca de 100 milhões de euros.
Contudo, a PSA impõe como contrapartida o prolongamento da concessão por mais anos (a atual termina em 2029), para recuperar o investimento, pelo que terá de ter a aprovação do governo. O investimento de 40 milhões, no ano passado, avançou porque a PSA não exigiu mais anos de concessão.
A concretizar-se, o novo investimento viria em boa hora. É que, com o alargamento do Canal do Panamá, João Franco, presidente da Administração do Porto de Sines (APS), antecipa que o porto vai receber mais 200 navios por ano. O alargamento, que faz com que agora possam passar no canal navios com quase o triplo do tamanho do que antes de terem sido feitas as obras, vai trazer “maior competitividade” ao comércio, cortando no “custo unitário de transporte”, salienta João Franco. O Canal do Panamá tem agora capacidade para fazer transitar a quase totalidade (97% a 98%) dos porta-contentores existentes no mundo.
As mudanças deverão começar a sentir-se já este ano, mas será a partir de 2017 que haverá maior impacto, até porque “os armadores vão ter de ajustar as suas rotas e movimentos de mercadorias”.
Crescimento de 10,5% no primeiro semestre
No final do primeiro semestre deste ano, o porto de Sines tinha movimentado 24 milhões de toneladas, um aumento de 10,5% face ao primeiro semestre do ano passado. O porto, que representa mais de 53% do total de movimentação de cargas nos portos nacionais, foi o único do país a registar um crescimento neste período, que ficou marcado pelas greves dos estivadores do Porto de Lisboa. Eventos que, de resto, não tiveram qualquer impacto em Sines. “Não sentimos qualquer efeito adicional de movimentação de mercadorias por efeito da greve de Lisboa e não noto que haja um impacto a nível nacional”, diz João Franco.
Para este ano, o presidente a APS antecipa novo crescimento da movimentação de mercadorias. As projeções conservadoras apontam para um aumento mínimo de 4%, para um total de 45,5 milhões de toneladas em mercadorias movimentadas.
“Não se perspetivam dias de chuva, não há razões nenhumas para pensar que não continuaremos a crescer, pelo contrário. E isto é globalmente, não me refiro só aos contentores. Também nos outros segmentos temos tido um crescimento interessante. O que interessa é que há uma tendência de crescimento continuada”, aponta João Franco.
No ano passado, o porto de Sines movimentou quase 44 milhões de toneladas, um aumento de 17% face a 2014. O volume de negócios ascendeu a 44,6 milhões de euros, mais 9,2% do que no ano anterior, e os lucros totalizaram 17 milhões de euros, disparando 27,5% face aos valores de 2014. Para este ano, a APS prevê lucros de 17,9 milhões.