No último verão, a Gïk, uma empresa espanhola com sede na Biscaia (Espanha), anunciava a chegada de uma proposta inovadora ao mercado de vinhos em Portugal: um vinho azul, leve e com aroma frutado, resultado de mais de dois anos de investigação. Agora, a empresa enfrenta um problema: uma resolução administrativa determina que se é azul, não é vinho.."A expressão 'vinho azul' não se encontra entre as 17 categorias de produtos vitícolas mencionadas no Anexo VII do regulamento 1308/2013 em que se baseia a organização comum de mercados agrários. A mais parecida é vinho, mas não existe vinho azul", refere a resolução administrativa.."É injusto porque Gïk é 100% uva", lamenta Aritz López um dos cinco inventores deste produto, salientando que durante o período de investigação do produto, que levou mais de dois anos, "tivemos de alterar a composição para 99% de vinho e 1% de mosto para o podermos adaptar à legislação vigente", explica..O vinho azul está certificado pela European Food Safety Authority e conta com aprovações das demais entidades que regulam a segurança e condições de utilização..A empresa vendeu mais de 90 mil garrafas no mercado nacional em apenas um ano de atividade. Isto é equivalente à produção de uma vinha de 10 hectares..Esta é uma das grandes queixas do setor que, um pouco por toda a Espanha, tem-se revoltado contra a concorrência causada pelo líquido azul, que resultou numa anulação e até quebra de vendas durante três meses. O setor, em Espanha, fala até em despedimentos.