Os subsistemas de saúde, como a ADSE, estão a prejudicar o setor da saúde em Portugal, considera Isabel Vaz, presidente da Espírito Santo Saúde, que defende também que é muito difícil efetuar reformas nesta área devido aos interesses instalados.
"Um dos problemas da saúde em Portugal são os subsistemas de saúde", disse esta terça-feira Isabel Vaz na conferência Saúde, Sociedade e Desenvolvimento Económico, organizada pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) realizada em Lisboa.
"Isto não teria nenhum problema se o valor de financiamento fosse residual, mas não o é. O investimento nestes susbsistemas tem vindo a representar entre 27% a 34% da fatia das despesas de saúde". A média da despesa de saúde no Orçamento do Estado tem rondado os 10% nos últimos anos e 3% deste valor vai diretamente para os subsistemas como a ADSE ou o dos CTT, o que para Isabel Vaz não faz sentido visto já existir a cobertura universal assegurada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A líder da Espírito Santo Saúde também considera que existem muitos mitos sobre o setor em Portugal, o que prejudica toda e qualquer tentativa de fazer reformas necessárias. "Existem quatro grandes mitos na saúde em Portugal. A saúde não é um negócio; o sector rege-se por padrões morais e éticos mais elevados do que outros setores; na saúde só existem boas práticas de gestão; e as leis de mercado não se aplicam ao sector".
"Isto leva a que qualquer reforma no setor seja extremamente dificil", defendeu a gestora. "Existe uma pressão politica e ideologica permanente e um conjunto poderoso de poderes instalados".
Para Isabel Vaz existe em Portugal uma "diabolização do lucro" no setor da saúde: "Se os privados tiverem lucro estão a enriquecer à custa da saúde dos outros, mas se não tiverem não podem ser mais eficientes".