
A Quanta Terra, projeto de vinhos duriense desenvolvido por Celso Pereira e Jorge Alves, em Favaios, está a comemorar 25 anos de atividade, assumindo-se como exemplo, entre outros, dos que “deram o pontapé de saída para a transformação” da Região Demarcada do Douro, através de projetos “distintos e inovadores” nos vinhos de mesa.
O Phenomena Rosé, produzido a partir da casta Pinot Noir, ou o Quanta Terra Golden Edition, um branco com seis anos de estágio em barrica de carvalho francês, são disso exemplo. Em setembro, chegará ao mercado o primeiro espumante da empresa, que prepara um investimento de 200 mil euros na construção de uma pequena adega para os vinhos brancos. O objetivo é avançar, de seguida, com a construção de uma outra para vinhos tintos, mas só quando conseguirem comprar terrenos contíguos para o efeito.
Até agora, os vinhos brancos e rosé da marca têm sido vinificados nas Caves Transmontanas, mas o objetivo é passar a ter um espaço próprio. O que deveria ser a adega da Quanta Terra, uma antiga destilaria da Casa do Douro, em Favaios, que os dois sócios compraram e reabilitaram, acabou transformada num espaço multicultural, onde o vinho e a arte se complementam.
Lançado em 2022, com uma exposição de Joana Vasconcelos, foi eleito um dos 11 melhores projetos de enoturismo a nível mundial. Recebeu o ano passado cerca de 900 visitantes e contribuiu já com cerca de 80 mil dos 660 mil euros de faturação da Quanta Terra em 2023. Este ano o objetivo é que a vertente de enoturismo contribua já com mais de 100 mil euros. Até ao final do ano, as provas de vinhos poderão ser acompanhadas da visita à exposição ‘Técnica Ancestral’, que conta, entre outras, com uma obra de Vhils.
Com uma produção anual a rondar as 70 a 80 mil garrafas, a empresa não tem vinhas, mas tem contratos de fornecimento de uvas com viticultores da região, a maior parte dos quais se mantêm no projeto há 25 anos. Em termos de mercados, as exportações valem 35% das vendas totais, com o Brasil e os Estados Unidos a assumirem-se como os principais destinos, embora a empresa venda, também, para a Alemanha, Holanda, França, Coreia do Sul e Sérvia, entre outros. Reforçar o peso dos mercados externos é a grande aposta, mas mantendo o foco em vinhos com um preço médio na ordem dos oito euros, mas que, no caso dos espumantes, produzidos pelo método clássico e com quatro a cinco anos de estágio, deve rondar os 25 a 30 euros a garrafa.
Reforçar a presença nos EUA é uma ambição dos dois sócios. “É um mercado enorme, que paga muito bem e no qual Portugal está a ficar trendy, por via do crescimento do turismo, mas para crescer é preciso ir lá mais vezes, estarmos mais presentes. A verdade é que é um mercado de grandes oportunidades, mas também de grandes investimentos e é isso que nos tem atrasado um bocadinho”, explica Jorge Alves. Na Europa, o objetivo é recuperar vendas na Suíça e em Inglaterra, onde o agravamento de impostos sobre o álcool, em 2023, veio dificultar as coisas.
O projeto da nova adega para brancos está já aprovado, e contempla um investimento da ordem dos 200 mil euros, comparticipado por fundos europeus. O objetivo é que esta adega esteja pronta a funcionar até à vindima.