Que pessoas vamos ser em 2021?

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Pouco mais de dois meses já passaram desde que o atípico 2020 finalizou e, de facto, pouco mudou desde então. O mundo permanece em pandemia, o confinamento é uma realidade em Portugal e em alguns países da Europa e as pessoas continuam com sentimentos negativos face a todo panorama atual.

No entanto, apesar de à primeira vista, parecer que tudo se mantém igual, podemos afirmar com certezas que se desenvolveram novas tendências e, sobretudo, assistiu-se a mudanças de mentalidade, resultado, claro, da COVID-19. É o que nos diz um relatório da Euromonitor International, que apresenta as principais tendências globais de consumo de 2021 e que fornece insights sobre o comportamento dos consumidores para o futuro, bem como as transformações que podemos estar a começar a assistir.

Resiliência e adaptabilidade são as palavras que melhor descreverão o ano de 2021. Apesar de todas as dificuldades, os consumidores conseguirão reinventar-se, reconstruir-se e, lá está, adaptar-se com sucesso a todas as modificações nos negócios, na saúde e até na vida pessoal. Assim, 2021 apresenta-se como uma segunda oportunidade de mapearmos o caminho em direção a novas soluções e melhores hábitos.

Uma das conclusões do relatório prende-se com a temática da Sustentabilidade, pois a crise sanitária teve um profundo impacto na mentalidade dos consumidores. Apesar de, no início da pandemia, a atenção ter-se afastado das questões ambientais, a verdade é que agora, mais do que nunca, a preocupação com o ambiente será um requisito dos consumidores, cada vez mais conscientes das mudanças que estão a ocorrer globalmente.

Neste contexto, os consumidores vão esperar que as empresas tomem iniciativas orientadas para propósitos sustentáveis, quer ao nível social, como ambiental e financeiro. Quase 70% dos profissionais inquiridos estão à espera que os consumidores se preocupem mais com a Sustentabilidade do que antes da pandemia.

Outra das tendências esperadas para 2021 é um maior desejo por conveniência. Está visto que a pandemia teve o seu efeito na forma como as pessoas interagem umas com as outras e até com os próprios negócios. No entanto, as pessoas mostram-se cansadas da vida atual e até da constante digitalização que se tem experienciado nos últimos meses. Há uma certa "saudade" da conveniência pré-crise sanitária. As pessoas sentem a falta de iniciativas espontâneas, que aconteciam antigamente, como por exemplo, o ato banal de sair de casa para ir a um centro comercial.

Durante este ano também se prevê que haja uma maior preferência por locais ao ar livre, junto da natureza, como uma forma de escape de todo o tempo passado em confinamento. As próprias empresas que adotarem estas estratégias de realização de eventos e conferências ao ar livre vão sair beneficiadas, já que o teletrabalho veio para ficar.

Como seria de esperar, uma das maiores tendências para este ano é a obsessão pela segurança pela saúde. As pessoas vão estar à espera de menos contacto e mais higiene em todas as dimensões onde estão presentes. Lavar as mãos com regularidade e usar máscara já não vão ser atos usuais de uma pandemia, mas sim, do dia-a-dia comum, bem como o uso de outras estratégias de maior higienização, como realizar pagamentos com o telemóvel.

Não só a nível físico, mas sobretudo a nível emocional, 2021 será o ano de colocar em prática o que se aprendeu em 2020. Este será o ano de uma maior flexibilidade e de reavaliação de prioridades, com o objetivo de obter uma vida mais tranquila e um maior fortalecimento mental. A saúde mental e a depressão são temas na ordem do dia e ganharam expressão no ano passado com a pandemia e confinamento, por isso, as pessoas este ano estarão mais focadas no objetivo de estarem realmente presentes e de conseguirem alcançar um estado emocional mais pleno.

Sustentabilidade, Conveniência, Segurança e Bem-Estar são, assim, as palavras que definirão os passos a dar durante todo este ano que se revelará, certamente, mais um grande desafio para todos nós.

Sandra Alvarez, Diretora Geral PHD

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