Um ano depois da sua fundação em Portugal, a fintech Rauva vai finalmente lançar no mercado a "super app" para Pequenas e Médias Empresas (PME) e freelancers. A solução, criada com o objetivo de tornar o empreendedorismo e a gestão de negócios acessíveis a qualquer pessoa, já está disponível na App Store e no Google Play, e conta, ao momento, com mais de 20 mil empresários nacionais e estrangeiros a viver no país em lista de espera.
"O mercado das fintech com soluções para empresas é muito competitivo e existem vários players. No entanto, até à data, não existia em Portugal uma solução integrada como a que a nossa apresenta", começa por notar Jon Fath, presidente executivo da startup, em conversa com o Dinheiro Vivo. Além de possibilitar o registo de uma conta empresarial em "apenas alguns minutos", a app - pensada a meias com o promotor imobiliário canadiano e cofundador Sam Mizrahi - concentra num só sítio pagamentos, cartões de débito, faturação, gestão de despesas e, brevemente, também serviços de contabilidade.
Através desta solução, a fintech pretende facilitar a vida a 99,9% dos negócios portugueses, já que são vários os desafios que enfrentam atualmente, tanto a nível burocrático, como financeiro, diz o CEO. Exemplo é o processo "extremamente moroso, complexo e offline" de criação de uma conta empresarial, aponta: "As pessoas têm de se deslocar ao balcão, preencher vários formulários e esperar alguns dias para ter acesso à conta. É ainda um procedimento pouco transparente, uma vez que a maioria das pessoas não tem pleno conhecimento das comissões cobradas por determinadas transferências."
A par disso, "a gestão financeira de uma empresa requer o domínio de várias ferramentas e processos relacionados com o banco e com a faturação", acrescenta o mesmo responsável. Por este motivo, ajudar os empreendedores a operarem de acordo com a legislação e processos fiscais faz também parte do plano da empresa, que estabeleceu parcerias com entidades licenciadas, como o BNP Paribas, para garantir a segurança dos depósitos dos clientes, e a Autoridade Tributária e Aduaneira, de forma a assegurar que as faturas emitidas na app estão certificadas e em total conformidade.
Portugal, um país com potencial
Embora o facto de ser um país onde pequenas e médias empresas, freelancers e empreendedores "representam 99% do tecido económico, com 1,6 milhões de empresários individuais e PME, e 70% do Produto Interno Bruto (PIB)" tenha pesado na escolha de Jon Fath e Sam Mizrahi, a "falta de soluções de gestão empresarial" no mercado foi uma aliada na altura de apontar Portugal como geografia ideal para iniciar a Rauva, confessa o presidente executivo.
"Nenhum banco está a fornecer tais serviços a este segmento. Todo o processo está muito fragmentado.... As faturas são processadas num software, os pagamentos são efetuados através de outro e o mesmo acontece com a monitorização do desempenho do negócio. Não é fácil e não é para todos, e sendo um motor tão importante da economia, não deveria ser tão difícil para estes empreendedores gerir os temas administrativos da organização", repara.
Neste sentido, a solução da Rauva foi concebida explicitamente para os desafios únicos enfrentados pelos empresários nacionais, incluindo assim "integrações com autoridades locais, uma compreensão clara da burocracia exigente e as ferramentas de que um negócio necessita para simplificar os seus processos administrativos", que, além de uma "abordagem localizada", oferecem aos seus utilizadores "uma vantagem competitiva", seja qual for o setor de atividade.
Com escritório em Lisboa, mais concretamente no Marquês de Pombal, a fintech portuguesa é constituída por uma equipa de 25 pessoas, que quer fazer crescer durante os próximos meses, estando, por esse motivo, a contratar para várias posições, entre as quais analista de dados, gestor de produto, designer de produto, programador mobile, de backend e frontend.
Ainda que tenha nascido em Portugal, a meta da Rauva é tornar-se num player global. "Acreditamos que, além de ajudarmos milhares de negócios a prosperar, podemos contribuir para promover o país como um mercado inovador no setor de fintech, pois pretendemos expandir esta solução para outros mercados nos próximos anos", nomeadamente Espanha, Itália e Grécia.
Jon Fath diz que, a curto prazo, a startup está focada no lançamento da "super app" e em melhorar constantemente a aplicação e a experiência do utilizador, mas que também tem intenção de disponibilizar outras funcionalidades, como os serviços de contabilidade. Ao nível nacional, a Rauva já se destacou no setor fintech, tendo sido selecionada para participar no programa Portugal Finlab, organizado pelo Banco de Portugal, CMVM e ASF, e reconhecida como uma das empresas emergentes pelo "Portugal Fintech Report 2022".