Reais a caminho de Portugal

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Em 2024, pelo menos 800 milionários devem sair do Brasil com destino a outros países, sobretudo, rumo aos Estados Unidos e a Portugal.

Segundo um estudo da consultoria Henley & Partners, com dados compilados até junho, só cinco países vão perder mais milionários ao longo do ano do que o Brasil – superam-no China (15 200), Reino Unido (9500), Índia (4300), Coreia do Sul (1200) e Rússia (1000). Completam o top-10, África do Sul (600), Taiwan (400), Nigéria (300), e Vietname (300).

No total 128 mil milionários, do mundo todo, devem mudar de país.

Os principais motivos que levam os milionários brasileiros à mudança, afirma a Henley & Partners, são destinos com menos violência, um estilo de vida melhor e serviços de mais qualidade, entre os quais, na área da educação e saúde. O estudo indica que os motivos apontados para a troca de país dos milionários brasileiros são os mesmos que explicam a fuga dos muito ricos do Vietname, da África do Sul e da Nigéria.

O estudo adianta, entretanto, que o Brasil já perdeu 28% de seus milionários entre 2013 e 2023 e que a saída, em 2024, de 800 milionários acontece mesmo com a melhoria dos indicadores económicos sob o governo Lula da Silva face aos do governo de Jair Bolsonaro.

Segundo a consultoria, o movimento de migração de milionários influencia diretamente nas contas de um país de diversas formas. “Os milionários migrantes são uma fonte vital de receitas cambiais, pois tendem a trazer o seu dinheiro consigo quando se mudam para um novo país”, explica o estudo.

Além disso, muitos dos milionários, como são empresários e fundadores de empresas, frequentemente direcionam os seus negócios para o novo país e, portanto, criam empregos locais. "Esta percentagem sobe para mais de 60% no segmento dos mais ricos", diz o estudo.

Outro impacto é no mercado de ações, já que os novos residentes costumam investir no lugar onde passam a viver e alguns listam até as suas empresas nas bolsas de valores locais.

“O número de milionários migrantes é também um importante indicador global da saúde de uma economia”, afirma a pesquisa. "E pode ainda ser um sinal negativo para o futuro, já que as pessoas ricas são muitas vezes as primeiras a sair”.

De acordo com a Henley & Partners, o Brasil conta com 82 400 pessoas com um milhão de dólares ou mais na conta – destas, 210 acumulam, pelo menos, 100 milhões, e 25 mais de mil milhões, ou seja, os “bilionários”, como se diz em português do Brasil.

Entretanto, esse número de “bilionários” difere das contas recém-divulgadas da Forbes, que elenca 62 brasileiros no patamar, porque o estudo da Henley & Partners leva em conta apenas os residentes em cada país e muitos brasileiros super-ricos moram fora. Desde logo, Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, o primeiro representante da lista, com fortuna avaliada em 27,7 mil milhões, que vive em Singapura.

Já entre os países na outra ponta, os que receberão mais milionários, estão os Emirados Árabes Unidos, destino de 6700 ricos, seguido dos EUA, que deve receber à volta de 3800.

OS EAU já atraem muitos milionários da Índia, do Médio Oriente, da Rússia e de África, segundo o estudo. Agora, deverão receber milionários do Reino Unido e demais Europa.

No caso dos EUA, é a evolução tecnológica do país que explica a razão para tantos milionários se estabelecerem por lá, segundo o estudo da Henley & Partners, que indica ainda a contínua ascensão da soalheira Flórida como destino escolhido dos ricos no mundo.

Por falar em sol, Portugal, com 800 milionários estrangeiros, é o nono do ranking dos destinos, atrás de Singapura (3500), Canadá (3200), Austrália (2500), Itália (2200), Suíça (1500), Grécia (1200) e à frente do Japão (400).

João Almeida Moreira, jornalista em  São Paulo, Brasil

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