Internacionalizar é quase uma obrigação numa Europa sem fronteiras e num mundo globalizado e interdependente. Além disso, temos um mercado doméstico exíguo, o poder de compra dos portugueses está abaixo da média europeia e as relações cliente-fornecedores nem sempre geram valor. Tudo isto são más notícias para as empresas que vivem do mercado interno..Um dos fatores críticos para o sucesso da internacionalização é a inovação. A capacidade de converter conhecimento em produtos, soluções, tecnologias ou processos torna as empresas potencialmente mais competitivas, sobretudo em mercados exigentes. Ora, Portugal estagnou como país “inovador moderado” entre os 27 Estados-membros, com um desempenho que corresponde apenas a 85,6% da média da UE..Bem sei que nem todas as empresas têm escala, massa crítica, capacidade ou até interesse em internacionalizar as suas atividades e em desenvolver inovação. Mas muitas só não o fazem ou não o fazem mais porque os apoios públicos, quer à internacionalização quer à inovação, não estão customizados em função das necessidades das startups e PME. Parece-me, por isso, pertinente redesenhar os incentivos públicos às empresas..Na caso da inovação, há que ir além dos apoios do Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial, para que o conhecimento produzido se converta, de facto, em valor económico. Importa, para isso, constituir um fundo que capacite as startups para transformar as suas inovações em produtos e, em complemento, majorar as tecnológicas portuguesas em concursos públicos, reservando uma percentagem das compras do Estado para soluções resultantes de I&D nacional..Para estimular a internacionalização, seria importante criar incentivos fiscais à atividade exportadora (redução ou isenção de IRC sobre os rendimentos de exportação), constituir fundos públicos de venture capital e de garantia para investimentos no exterior e estabelecer deduções no IRC para os custos de expansão internacional (p. ex. despesas com marketing, registo de marcas ou adaptação de produtos)..Os empresários devem olhar para lá da fronteira e terem a ambição de expandir os seus negócios internacionalmente, de preferência com produtos inovadores..Considerando as boas relações de Portugal com vários países, o potencial de alcance de novos mercados é elevado, sendo, no mínimo, imperativo olhar para o mercado europeu. Caso contrário, nem as empresas atingem o seu potencial de crescimento nem a economia portuguesa ganha competitividade externa..Presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários