Remax teve melhor ano de sempre no segmento luxo

A venda de imóveis premium também não escapou à conjuntura. No segundo semestre de 2022, os negócios abrandaram.
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A Remax Collection, marca imobiliária do segmento de luxo da Remax, assegurou no ano passado um volume de vendas de 1450 milhões de euros com a transação de quase cinco mil imóveis premium. Foi o melhor ano de sempre da rede, que viu o valor dos negócios aumentar 9,3% face ao exercício homólogo, mas com o número de operações a registar um crescimento de apenas 0,4%. Beatriz Rubio, CEO da Remax, reconhece que, em 2022, "foram notórias algumas mudanças no mercado, com a subida das taxas de juro e a diminuição da procura residencial", a que se somaram a guerra na Ucrânia, a crise energética e a instabilidade das economias. Estes fatores tiveram naturalmente impacto no setor, mesmo nos produtos de luxo. A cadeia imobiliária acabou por evidenciar uma diminuição da atividade no segundo semestre do ano, que determinou um crescimento residual no número de imóveis vendidos.

Já o crescimento de 9,3% no valor das transações deveu-se ao aumento dos preços das casas, mas também à aquisição por parte dos estrangeiros de imóveis mais caros. Segundo Beatriz Rubio, o país está a atrair novas nacionalidades e dispostas a adquirir habitações mais dispendiosas, com especial destaque para os norte-americanos. A Remax Collection teve nos brasileiros o seu principal cliente internacional (valeram 5,4% das transações), seguindo-se o norte-americano (3,7%) e o francês (2,7%). A rede trabalhou com 60 nacionalidades, mas foram os portugueses que asseguraram a larga maioria das aquisições (70,8% das operações, a que corresponderam 965 milhões de euros).

A preferência dos clientes da Remax Collection recaiu, mais uma vez, no distrito de Lisboa e nos concelhos de Lisboa, Cascais e Oeiras. O segundo distrito mais procurado foi o Porto, com foco na cidade Invicta, Matosinhos e Gaia. No top 7 das transações da marca figuram ainda, por ordem decrescente de importância, Setúbal, Faro, Madeira, Açores (surgem, pela primeira vez, neste ranking) e Aveiro. Os apartamentos representaram 80,9% das transações e 68,4% do volume de negócios. Os T3 destacaram-se na procura, tanto de apartamentos como de moradias, representando 53,3% dos imóveis transacionados.

Incertezas

Este ano, a incerteza domina o setor do imobiliário português. Beatriz Rubio não quer fazer projeções para os próximos meses, mas recorda que "os especialistas têm vaticinado uma diminuição da procura de imóveis residenciais em 2023", em linha com o que já se verificou nos últimos meses do ano passado. Ainda assim, é sabido que o segmento de luxo é menos influenciado pelo agravamento das variáveis financeiras, embora possa ser "afetado por mudanças no perfil de investimento internacional, segurança e clima social", diz a CEO da Remax. Os aumentos dos custos de construção também não impactam de forma significativa este segmento de compradores, mas a conjuntura não está ainda clara. Face a estas variáveis, admite não ser "fácil perspetivar a evolução dessa procura, sendo possível supor uma estabilização da mesma".

O mercado tem produto para estes clientes - o desfasamento entre a oferta e a procura não é tão significativo como para imóveis a preços mais adequados aos rendimentos do comum dos portugueses -, assegura, embora haja algumas promoções ainda em fase de construção. Os clientes norte-americanos deverão reforçar a sua presença no país, devido às condições de segurança, estabilidade política e social, clima ameno, boa hospitalidade irrepreensível e gastronomia, acredita Beatriz Rubio. E vão comprar casas caras, pois os preços em Portugal são marcadamente inferiores aos do seu país de origem. Já o anunciado fim dos vistos gold terá como consequência a redução da procura, mas a gestora está confiante que o mercado internacional se manterá dinâmico e compensará o fim deste regime.

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