Por vezes, as famílias têm mais dinheiro do que pensam. E há estratégias que podem pôr em prática para identificar eventuais "fugas" de dinheiro e desperdícios e conseguir poupar. Os especialistas dizem que olhar para a poupança como algo importante é crucial e leva a uma mudança de atitude e de comportamentos na gestão do dinheiro disponível e do orçamento familiar.
O Doutor Finanças recomenda que se deve "olhar para a poupança como uma prioridade, um investimento e não tentar poupar algum dinheiro que sobra e que acaba por competir com atividades de lazer e compras de última hora". "A maioria das instituições bancárias já oferecem possibilidades que permitem, através de entregas programadas, por exemplo, ou arredondamentos, colocar algum dinheiro de parte, que vai diretamente para a nossa conta bancária", aponta. "Se começarmos com 25 euros, por exemplo, por mês, ao final do ano poupamos 300 euros. Podemos ainda estender a técnica ao reembolso do IRS e subsídios de Natal e férias, aproveitando para engordar a nossa poupança".
Rever seguros e renegociar créditos pode gerar poupanças de centenas de euros anualmente, segundo especialistas em finanças pessoais. "Rever e renegociar contratos de crédito e seguros é uma forma de reequilibrar as contas da família, conseguindo gerar poupanças significativas", recomenda o Doutor Finanças. "Se temos créditos, nomeadamente habitação, podemos a qualquer altura tentar melhorar as condições do empréstimo. Transferir os créditos ou fazer consolidação (juntar todos os créditos num só), pode permitir poupanças consideráveis", destaca numa nota sobre poupança. No caso dos seguros, é preciso analisar franquias e verificar se existe uma duplicação das coberturas. "Podemos pedir simulações e considerar colocar todos os seguros na mesma empresa, uma vez que muitas vezes há descontos".
Os especialistas também recomendam que as famílias revejam contratos de serviços e subscrições. "Seja nos contratos de energia ou telecomunicações, muitas vezes acabamos por estar a pagar por serviços que não necessitamos ou nem sequer usufruímos", frisa o Doutor Finanças. As famílias devem verificar se têm débitos do género e cancelar o que já não se use. "O melhor é analisar esses contratos, fazer contas e ver o que a concorrência oferece", sugere o Doutor Finanças. "Por outro lado, a redução dos serviços, por norma, faz também baixar a fatura. No caso da energia, devemos comparar as várias operadoras e escolher a que é mais vantajosa".
A Reorganiza, um site de finanças pessoais, recomenda a transferência do seguro da casa. A consultora lembra que não é obrigatório manter o seguro de vida do crédito à habitação junto do banco onde se contraiu o empréstimo para a compra de casa, pode ser feito noutra entidade. "O monopólio das companhias de seguros no passado fazia com que a grande maioria dos bancos cobrasse valores que chegavam a ser duas a três vezes o valor de mercado", refere. "É possível transferir o seguro de vida do crédito habitação e poupar muito dinheiro", indica.
A mesma consultora recomenda que se reduza o uso do cartão de crédito, para "cortar no consumo inconsciente". "Se não se consegue controlar então desista dos seus cartões de crédito. O controlo do cartão de crédito permitirá poupar em consumo e eventuais despesas e encargos com a sua utilização", frisa a Reorganiza. E diz que as taxas associadas aos cartões de crédito "são realmente penalizadoras". "Vemos na Reorganiza tantos casos de clientes cujos juros são superiores ao pagamento mínimo, o que significa que todos os meses acumulam mais dívida. E assim entramos naquela espiral de endividamento que pode não acabar bem".