Restaurantes pop-up: saída em tempos de covid

Criatividade de Nova Iorque a Lisboa, para contornar efeitos da pandemia na restauração. Associação pede IVA reduzido.
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Sushi ao balcão num dia, comida mexicana uma semana depois, tapas daí a um mês. Sempre na casa da esquina. Sem conseguirem pôr a pandemia para trás das costas e com metade da população ainda por inocular, os empresários da restauração de Nova Iorque encontraram uma nova forma de chegar aos clientes. Mesmo àqueles que ainda têm receio de se sentar à mesa num local público e preferem ir buscar para comer em casa.

A ideia vem dos tempos do lockdown que obrigou a encerrar a restauração, levando muitas casas a convidar chefs por um dia - a cozinhar em exclusivo para take away - para manter os negócios à tona. Mas parece ter-se tornado num complemento sólido e fiável para muitos deles, mesmo depois de reabertas as portas, relata a Associated Press numa peça publicada pela Bloomberg. Menos mão de obra, menos recursos e rotatividade da oferta aos clientes do bairro são elementos-chave para manter os custos controlados e potenciar o fator novidade para os clientes - além da segurança extra de poderem continuar a funcionar em caso de novas vagas da pandemia, uma vez que estes restaurantes pop-up funcionam quase exclusivamente em regime de take away e delivery.

Além da flexibilidade que esta solução assegura - e que Hudson Riehle, que lidera o departamento de estudos da associação da restauração americana, diz ser fundamental numa altura em que a covid ainda impacta brutalmente o setor, conforme explica à mesma publicação -, eles servem de palco para novos chefs se mostrarem, para afirmar conceitos inovadores que num mercado tradicional dificilmente teriam lugar.

Setor ainda em modo sobrevivência em Portugal</strong>

Entre variantes mais agressivas e ressurgimentos do vírus que têm atrasado a reabertura em Portugal, a restauração tem sido, também por cá, uma das principais vítimas da covid. A Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) antecipava uma quebra de cerca de 30% no volume de negócios no ano passado, mas a realidade excedeu as piores expectativas: a perda superou os 40% em 2020. E a recuperação que se esperava para este ano - sobretudo suportada pelo verão - vem lenta e sem força para puxar por um setor que viu desaparecerem num só ano um quarto dos postos de trabalho disponíveis.

Mas não por falta de imaginação dos empresários de uma área de negócios que inclui bares e discotecas. Com ordem de encerramento desde o início da pandemia, muitos destes optaram por abrir os balcões e esplanadas a petiscos, assegurando assim que a perda não seria total. Foi o caso do Momme, que transformou em restaurante o último piso da casa que se celebrizou há décadas como Kapital. Ou o Liverpool, no Cais do Sodré, que passou a servir hambúrgueres.

Com nova fase de reabertura marcada e a vacinação a avançar a bom ritmo, para tentar recuperar algum ímpeto e "salvar quase 50 mil empregos", Ana Jacinto, que lidera a AHRESP, defende agora medidas que vão além do IVAucher, passando por uma descida temporária da taxa de IVA na restauração - é normalmente aplicada a intermédia, de 13%, exceto nas bebidas alcoólicas e refrigerantes, que são taxados a 23% - para ajudar as empresas a reforçar a tesouraria.

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