Rui Rio: sacrifícios devem ser justos e solidários

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O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, defendeu hoje que a crise do país deve ser combatida com justiça e solidariedade, explicando que os sacrifícios devem ser "equitativos", para que ninguém se sinta injustiçado.

"Se, nos sacrifícios, não conseguimos ser justos e solidários, se essa preocupação não estiver como pano de fundo de todas as medidas que tomamos, podemos assistir à revolta ou ao baixar dos braços dos que se sentem mais injustiçados", alertou Rui Rio, na sessão de abertura do Fórum "O Voluntariado no Desenvolvimento Local".

Em declarações aos jornalistas, o autarca social-democrata esclareceu que sem evitar "colocar uns contra os outros", a tarefa que Portugal tem pela frente torna-se mais difícil.

"Acho que devemos fazer um esforço grande para que sacrifícios sejam equitativos e que não haja pessoas que se sintam mais injustiçadas do que outras. Não podemos esquecer as palavras justiça e solidariedade", frisou.

Se a tarefa que Portugal tem pela frente "já é muito difícil, como não será se pusermos portugueses contra portugueses, privados contra públicos?", questionou o edil.

"Não quero fazer crítica nenhuma a Governo nenhum. Quero chamar atenção à sociedade de que, no quadro actual, tudo o que fazemos tem de ter presente o conceito de justiça e solidariedade. O que vivemos é muito grave e em 2012 ainda vai ser mais difícil. Se temos uns contra os outros, torna-se uma tarefa bem pior", avisou.

Rui Rio afirmou ainda que a recuperação do país passa por todos: "Se cada um de nós, no que tiver de fazer, fizer bem e o melhor que sabe, Portugal dá um passo enorme. Se as pessoas acharem que é responsabilidade dos outros, Portugal não vai lá", disse.

O autarca destacou ainda a importância do voluntariado em "contrariar uma evolução da sociedade que vai muito mais no sentido do egoísmo do que do altruísmo"

Na sessão de abertura do Fórum, o bispo do Porto, Manuel Clemente, defendeu que os sacrifícios pedidos aos portugueses devem ser proporcionais.

"Em geral, o que podemos e devemos dizer é que quem mais pode mais paga. Este pagamento e esta contribuição têm de ser proporcionais, gerais e solidários", frisou.

Questionado sobre os cortes dos subsídios apenas no sector público, o bispo do Porto referiu não ter conhecimentos técnicos suficientes para falar sobre o tema.

"Oiço um tipo de argumentação e compreendo os argumentos, depois ouço a contra-argumentação e também compreendo os argumentos. Nalguns casos certamente sim [deveria haver cortes no sector privado]. Noutros casos não. Tem de ser visto caso a caso", observou.

Manuel Clemente falou na importância da justiça e da solidariedade, defendendo, também ao nível do voluntariado, "sacrifícios repartidos que não deixem de fora ninguém".

Para o prelado, "o voluntariado tem de ser uma atitude geral e ninguém pode ficar de fora", sendo necessário "um espírito de generosidade em tudo o que fazemos".

"O voluntariado é uma disponibilidade que vai para além das possibilidades profissionais, porque estamos numa situação social de tal necessidade e emergência que todos temos de dar o melhor de nós próprios".

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