A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) vai investir mais de 40 milhões de euros na substituição dos cerca de cinco mil terminais de jogo que tem espalhados pelo país e no alargamento dessa rede em mais duas mil unidades, revelou Edmundo Martinho, provedor da instituição, no seminário "Transição para o digital"..O projeto, que se insere no processo de transformação digital da Santa Casa, deverá estar concluído no prazo de ano e meio. Neste momento, "está a decorrer um concurso público e a seguir vem um tempo longo de instalação", adiantou esta quinta-feira Edmundo Martinho no seminário organizado pela instituição, que está a ter lugar na icónica sala de extração das lotarias..Este investimento visa dotar a SCML de ferramentas tecnológicas capazes de aprofundar o conhecimento sobre a atividade dos jogos sociais e dos comportamentos dos apostadores. Como sublinhou Edmundo Martinho, "o jogo é a área da Santa Casa onde o suporte tecnológico é mais intenso - temos cinco mil mediadores ligados em rede -, mas temos de ser capazes de aprofundar. Há algum défice de recolha e tratamento de informação"..A transformação digital dos jogos implicou também a criação de um "laboratório" para a leitura dos fenómenos relacionados com a atividade, ou seja, "como o jogo vai evoluir e como a Santa Casa se pode adaptar a essa realidade em crescimento permanente", disse..Edmundo Martinho revelou ainda que as apostas hípicas, jogo cuja concessão foi atribuída à SCML em 2015, deverá ser lançado no final de outubro, início de novembro..A SCML está também muito atenta ao fenómeno dos eSports, um "jogo muito atraente para as camadas mais jovens", a "tentar perceber como vão impactar os jogos físicos", como são os que atualmente explora a Santa Casa. Como sublinhou Edmundo Martinho, "precisamos muito dessas receitas", que são canalizadas para diversas ações de apoio social..Nesta área, a SCML não descurou a aposta na transição digital. Como frisou o provedor, "a Santa Casa quer estar na linha da frente neste progresso, na capacidade de prestar mais e melhores serviços, em melhores condições e com maior racionalização dos recursos". E exemplificou com o projeto que estão a desenvolver focado em pessoas a viver sozinhas nos lares, que visa numa primeira fase que esses utentes possam aceder virtualmente a uma componente lúdica, mas a que se seguirá noutra etapa uma dimensão cognitiva..Pandemia provocou uma aceleração digital.Neste tempo de incertezas uma questão é dada como certa pelos vários intervenientes no seminário: a pandemia acelerou a transição digital do país. E Governo e organizações estão a trabalhar na agilização deste movimento..Segundo avançou a secretária de Estado da Inovação e da Modernização Administrativa, Maria de Fátima Fonseca, o Governo está a trabalhar para que no final da legislatura, em 2023, "os 25 serviços mais solicitados pelos cidadãos estejam totalmente digitalizados" e o mesmo para "os 15 serviços que são mais importantes para as empresas"..Segundo Maria de Fátima Fonseca, "há uma coligação com seis áreas de governação - Finanças, Trabalho e Segurança Social, Justiça, Transição Digital, Administração Pública e Conselho de Ministros para que seja levado a bom porto em 2023"..Na sua intervenção, Luís Goes Pinheiro, presidente da SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, adiantou que estão a trabalhar na transição digital em vários eixos, como a modernização das infraestruturas e o lançamento de ferramentas para os profissionais e para os cidadãos..Luís Goes Pinheiro defendeu que na área da saúde são necessários mais dados, maior capacidade de armazenagem e uma aposta em inteligência artificial..O responsável lembrou que a 26 de março foi lançada a app Trace Covid-19, que contabiliza 1,250 milhões de utentes registados, e que permitiu que os profissionais de saúde pudessem acompanhar os doentes ou suspeitos de contágio no domicílio..Já Vasco Jesus, professor convidado da Nova IMS, lembrou que, em Portugal e no mundo, "existe uma falta de recursos humanos qualificados" nesta área digital..Também Eduardo Antunes, membro da comissão executiva da Microsoft Portugal, defendeu que a pandemia veio acelerar a transição digital, sublinhando que esta transformação é "inevitável, como se vai fazer é a grande questão".