Santander invade favelas do Complexo do Alemão

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O Santander já está presente no Brasil, mas agora está ainda mais perto do Brasil profundo. O presidente do banco espanhol tornou-se no primeiro banqueiro a abrir uma agência numa favela brasileira e a escolha recaiu no Complexo do Alemão.

A abertura da agência logo à entrada da favela reflecte a alteração sociológica que está a acontecer no Brasil. No últimos sete anos, 46 milhões de brasileiros passaram da classe baixa para a classe média e espera-se que até 2014 mais 19 milhões também passem a ter um status melhor e, consequente, uma melhoria do poder de compra.

O Banco Santander já é a terceira entidade financeira privada no Brasil, atrás do Itaú e do Bradesco, e quer continuar a crescer de forma muito rápida para aproveitar o desenvolvimento do país.

Até ao final do ano passado o Complexo do Alemão era um dos sítios mais perigosos do Rio de Janeiro, e continua a ser uma das favelas com mais população: 140 mil habitantes. Um ano depois de ter sido controlada pela polícia, este conjunto de treze favelas é um incentivo para entidades como Santander, já que a sua pacificação e de outras favelas, estão a nascer cidades novas dentro do Rio de Janeiro como de São Paulo.

O governo brasileiro colocou em marcha um forte dispositivo policial, que pretende tomar todos os bastiões do narcotráfico antes de 2014, ano em que o Rio de Janeiro recebe o Campeonato do Mundo de Futebol. Além disso, dois anos mais tarde será a vez de o Brasil receber os Jogos Olímpicos.

Esta é, por isso, uma oportunidade de ouro para o Santander que tem como objectivo estratégico no Brasil converter-se no primeiro banco em termos de clientes. Para isso, já tem em marcha um plano agressivo com o qual espera crescer 15% tanto em receitas como em lucros.

Actualmente com 3.700 agências e 52 mil empregados, o Santander pretende ainda abrir 120 novas agências por ano durante os próximos anos.

Com a sua estratégia de aproximação às classes mais desfavorecidas, o Santander pretende ganhar o coração da população das favelas e já começou a consegui-lo não só através desta nova agência como no arranque de um programa de mecenato que vai contribuir para o desenvolvimento da educação na favela.

A chegada do banco serve também para abrir novos tipos de negócios e de comércio, até agora inexistentes porque tudo passava pelas mãos dos narcotraficantes, através do microcrédito, a concessão de um investimento (com um montante médio de 400 euros) a pequenos empresários.

Apesar de contar já com 2 mil clientes, o Santander não vai ganhar fortunas no Complexo do Alemão, no entanto é a forma de ter acesso e de fidelizar os 140 mil habitantes de uma cidade que está a emergir.

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