Secil já produz betão neutro em carbono, mas mais caro que o standard

Desenvolver o produto demorou mais de um ano e a empresa garante que, por cada tonelada de CO2 emitida pelo Betão Verdi Zero, exista uma tonelada a menos na atmosfera.
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Foi um processo que demorou mais de um ano, mas em julho o Verdi Zero, o novo betão neutro em carbono da Secil, viu a luz do dia. Mais de 12 meses de trabalho e depois de ultrapassadas duas etapas - a primeira ao nível da inovação no desenvolvimento e a segunda ao nível da certificação de Produto CarbonNeutral - o produto já se encontra em produção e disponível para ser entregue aos clientes. Numa primeira fase será produzido nas centrais da Secil de Leiria, Gaia, Frielas, Alcochete e Alcácer do Sal. Em breve, deverá ser alargado à totalidade das necessidades do mercado, explica ao Dinheiro Vivo, Pedro Mendes, diretor de Marketing da empresa.

Para já a Secil vai testar a reação ao seu Verdi Zero e ajustar a produção à procura.

Sem querer adiantar valores do custo de produzir o novo betão, Pedro Mendes afirma que "o principal investimento foi ao nível da investigação e certificação, foi capital humano. Desenvolver um produto e testá-lo até chegar à fórmula ótima, complementando medidas internas de eficiência e de utilização de energia renovável, garantindo não só uma importante redução de emissões de CO2 como também a segurança da qualidade do produto".

O novo betão deverá ter um preço por metro cúbico um pouco superior a um betão standard, explica o responsável, mas irá sempre depender do tipo do betão prescrito, da zona do país e distância da obra à central.

Como garante o diretor de Marketing, o objetivo da indústria cimenteira e do betão, assim como do setor da construção, é descarbonizar. E este novo produto vai ao encontro deste desafio. Com a meta de atingir a neutralidade carbónica em 2050 e a necessidade de reduzir as emissões até 2030 (no que ao cimento e ao betão diz respeito), o caminho até lá terá de incluir um betão neutro em carbono.

O novo betão - que é, segundo a Secil, único em Portugal - está certificado de acordo CarbonNeutral Protocol pela Climate Impact Partners, a estrutura líder para a neutralidade do carbono. Pedro Mendes explica que esta é alcançada compensando as emissões remanescentes através de projetos de redução de emissões externas e garantindo que, por cada tonelada de CO2 emitida pelo Betão Verdi Zero, exista uma tonelada a menos na atmosfera.

"Neste sentido, estamos assim a apoiar projetos nas áreas da reflorestação, energia eólica e solar. Estes são uma forma de reduzir a pegada carbónica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais."

Para além do Verdi Zero, a Secil encontra-se atualmente a modernizar a fábrica do Outão, em Setúbal, com o projeto Clean Cement Line, que visa reduzir a pegada carbónica do nosso cimento, traduzindo-se num investimento de 86 milhões de euros. "Há 20 anos, a Secil já era pioneira em matéria de eficiência energética, porque os cimentos têm um consumo relevante de energia térmica e elétrica. A empresa tem vindo sempre a apostar na eficiência energética nas suas instalações, equipamentos e no uso de combustíveis alternativos".

A empresa está também a minimizar os impactos dos seus transportes e a otimizar a logística de distribuição, recorrendo a plataformas digitais e privilegiando o transporte marítimo e ferroviário.

E, também no produto, ao produzir cimento com menos clínquer (esta é a base para o cimento, que resulta da calcinação de uma mistura de calcário, argila e componentes químicos) e betões com menos cimento. "Além do mais, todo o betão é totalmente reciclável no final do seu ciclo de vida, ou seja, pode ser triturado e reutilizado de novo no processo como matéria-prima secundária, sem emissões de CO2 adicionais. Podemos aproveitar infinitamente o betão", garante Pedro Mendes.

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