Seguros de saúde continuam a crescer. Prémios aumentaram 8,2% em 2020

A contratação de seguros de saúde em Portugal tem registado uma tendência de crescimento ao longo dos últimos anos, refere a APS. Nos últimos três anos estas apólices aumentaram 26,4% para 950 milhões de euros.<br/>
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A produção de seguros de doença (habitualmente descritos como seguros de saúde) tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos, revelando "uma crescente preocupação da população com o acesso aos cuidados médicos", de acordo com os dados da Associação Portuguesa de Seguradores (APS),

Os números são ainda provisórios, sublinha a APS, mas os prémios de seguros de saúde emitidos - o valor pago pelo tomador do seguro para ter acesso à cobertura - no ano passado mostram um aumento de 8,2% face a 2019. Em 2020 a produção de seguros do ramo doença ascendeu aos 950 milhões de euros; no ano anterior somou 877 milhões de euros.

Já segundo o relatório da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), a produção de seguros de doença aumentou 26,4% de 2017 para 2020. No espaço de três anos, passou dos 751 milhões de euros, em 2017, para 950 milhões, uma diferença de quase 200 milhões de euros. Segundo o mesmo relatório, no ramo não vida, a maior subida em 2020 pertence aos seguros de saúde.

A associação liderada por José Galamba de Oliveira destaca as "respostas eficazes" do setor privado na área dos seguros de saúde, numa altura em que, devido à pandemia, o Serviço Nacional de Saúde está focado no combate à covid-19.

Galamba de Oliveira enumera fatores como as coberturas "cada vez mais abrangentes", "o nível da rapidez e acessibilidade aos cuidados de saúde" ou o "nível de inovação tecnológica, que permitiu a disponibilização da telemedicina e o aconselhamento médico à distância". A APS aponta ainda como outros fatores de resposta eficaz a "relação com o cliente mais próxima, mais informada e mais orientada para os aspetos de prevenção".

Relativamente à cobertura de despesas ligadas à covid-19 neste tipo de seguros, a APS refere que "cada seguradora tem as suas próprias políticas nesta matéria, que não são uniformes" e que, por isso, "não tem informação que permita responder de forma detalhada".

No entanto, é indicado que, "em todo o caso, além de muitas delas estarem a cobrir o custo dos testes, será prática comum assumirem também os custos com o tratamento da covid-19 dos seus clientes que, estando a ser tratados por outras patologias cobertas pelos seguros, venham a ser infetados em ambiente hospitalar por este vírus".

Os seguros de saúde estão inseridos na categoria não vida, onde se incluem também seguros como acidentes e doença, acidentes de trabalho, incêndios e outros danos ou seguros automóvel. Os seguros de doença representaram no ano passado 17,7% do total deste ramo. Face ao ano anterior, o ramo não vida cresceu 3% em 2020.

A Fidelidade tinha a maior quota de mercado na área de seguros de saúde em Portugal no ano passado, representando 353 milhões de euros da produção de seguros, de acordo com dados provisórios da ASF. A seguradora viu a quota de mercado aumentar 10,2%, para os 37,2%. O segundo lugar pertence à Ocidental Seguros (quota de mercado de 22,9%) e o terceiro à Generali Seguros, com 12,1% do mercado.

Cuidados na contratação de um seguro de saúde
Tal como para qualquer outro tipo de seguro, a APS aconselha o tomador do seguro a procurar informação adequada sobre os principais riscos que gostaria de ver cobertos e qual é a oferta existente no setor. "Se tiver dificuldade é importante pedir aconselhamento à própria seguradora ou aos mediadores de seguros", refere a APS.

Na hora de contratar um seguro de saúde, a associação aconselha a "identificar bem as coberturas que pretendem subscrever" e a "estar informados sobre a rede de prestadores associada aos seguros e sobre as condições de funcionamento do seguro". A APS indica também que é importante "prestar toda a informação relevante à seguradora sobre o estado de saúde" e a subscrever um seguro com "um capital seguro suficientemente robusto que permita fazer face às despesas mais volumosas que possam ter de vir a suportar".

Por fim, é ainda importante que a contratação de um seguro de saúde seja feita em idades mais jovens, quando ainda não há doenças preexistentes. "Contratar seguros em idades mais avançadas ou quando já foi diagnosticada uma doença grave ou crónica, será sempre mais difícil, mais limitado e dispendioso."

Sinistralidade caiu em abril de 2020
Dados da ASF sobre a evolução mensal do rácio entre os custos com sinistros e a produção dos seguros de saúde mostram que, em abril, foi sentida uma redução mais pronunciada neste rácio.

Em março rondava os 83% e, no mês seguinte, baixou para os 52,7%. A ASF nota que, com o fim do estado de emergência, no início de maio, foi sentida uma subida de mais de 25 pontos percentuais, quando este rácio ascendeu aos 78,1%. Já em junho e julho foi sentida uma nova redução, passando para 71,5% e 55,1%, respetivamente.

Desde então, a evolução da taxa de sinistralidade registada nos meses seguintes acompanhou genericamente as taxas de 2019. O mês de dezembro trouxe uma nova redução, passando dos 93,4% para os 50,4%.

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