Sempre à procura do equilíbrio

Com um bebé em casa a capacidade de produção é muito reduzida e, se trabalho menos, recebo menos.
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A minha filha fez quatro meses. Olho para ela e penso como ainda é pequenina. Não é novidade, foi igual com os meus filhos rapazes. E é nesta altura que volto a fazer contas à vida para poder ficar em casa até ela crescer e não me parecer tão pequena para ir para a escola. Também já sei que vai sempre parecer pequenina mas isso é outra conversa. Nesta altura a minha mãe dirá:

- Tu foste para a escola tinhas três meses!

É verdade. Fui com três meses porque a licença era essa e a minha mãe tinha mesmo que ir trabalhar. Não existia alternativa. E correu tudo bem na mesma. E eu sei, sei mesmo, que a maioria das pessoas nem sequer podem perder tempo com estes pensamentos.

A minha alternativa existe porque posso trabalhar em casa e isso é um enorme privilégio mesmo quando os fins de semana se misturam nos outros dias e não existe uma porta para fechar e dizer: "até amanhã trabalho".

Mas esta alternativa exige fazer contas à vida. Sejamos realistas, com um bebé em casa a capacidade de produção é muito reduzida e, se trabalho menos, recebo menos. Mas, mesmo trabalhando menos, (este ano) pago o mesmo à Segurança Social, ao senhorio da casa onde vivo, nas contas da luz e da água, e no supermercado até pago mais porque trabalhar em casa dá fome e amamentar também, o que me transforma numa máquina de comer.

Não há dicas de poupança nesta crónica, nem tão pouco conclusões fundamentadas ou pedidos de subsídio para parentalidade presente ou trabalhadores por conta própria com necessidade prolongando de ausência. Isto é só um desabafo desta tentativa permanente de manter o equilíbrio entre o tempo que preciso e o dinheiro sem o qual não vivo. Ou se calhar são só as hormonas.

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