Setor financeiro investe 900 milhões de euros em tecnologia em Portugal

Investimento em novas tecnologias será liderado pela banca, aponta IDC. Indústria financeira de olho em IA, machine learning e deep learning, NFT e blockchain.
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Os mercados financeiros deverão canalizar 370 mil milhões de euros para a inovação tecnológica em 2023, mais 8,6% face a 2022 e "quase 15% de todo o investimento global em tecnologia". Em Portugal, o investimento previsto ascende a 900 milhões de euros, mais 5,6% face a 2022 e "quase 17% de todo o investimento nacional em tecnologia", revela ao Dinheiro Vivo Gabriel Coimbra, vice-presidente do grupo IDC e diretor-geral da IDC Portugal.

A transformação digital está em curso e os negócios estão obrigados a inovar e a saber lidar, entre outros, com big data, plataformas cloud, cibersegurança e novos tipos de automatismos. "Os desafios atuais são grandes", refere Gabriel Coimbra, e os mercados financeiros, sobretudo o setor da banca, realça o gestor, estão a "procurar novas oportunidades".

"Neste contexto, as instituições financeiras vão concentrar-se em melhorar a eficiência para gerirem os riscos do mercado, e recorrer à analítica para sustentarem decisões comerciais e estratégicas e às arquiteturas digitais, incluindo a cloud, para promoverem a automatização e melhorarem os resultados comerciais", afirma.

"A evolução para o negócio digital permite uma maior resiliência, potencia a inovação e a criação de novos produtos e serviços, e, em última análise, a entrada em ecossistemas mais amplos que permitem abrir novos mercados", acrescenta o gestor da consultora IDC.

O diretor-geral da IDC Portugal lembra que o ano de 2022 fica marcado pela "crescente e necessária digitalização", mas também por questões de cibersegurança e criminalidade financeira, "temas cada vez mais preocupantes e que vão exigir formas cada vez mais rápidas e fiáveis de avaliação de riscos para onboarding, crédito e empréstimos". Algo que o setor financeiro estará já a preparar-se.

"Até 2026, 40% dos bancos, a nível global, terão como estratégia primordial a criação de um sistema bancário totalmente digital, que funcionará a par com o sistema tradicional, mas que será o core de todo o negócio da banca", prevê Gabriel Coimbra.

O gestor adianta também que, para aumentar a resiliência à escala global da indústria financeira, 30% dos maiores bancos do mundo preparam-se para "partilhar dados, aplicações e operações em ambientes de ecossistemas multi-indústria até 2025".
"Este setor tem de se reinventar continuamente e de se ajustar à evolução do mercado sob pena de perder vantagem comercial rapidamente, e isto é conseguido através da tecnologia", acrescenta, considerando que as fintech e insurtech também terão uma palavra a dizer, com a IDC a estimar aquisições por parte dos maiores players da alta finança.

Como é que Portugal se posicionará neste contexto? "As tendências serão muito semelhantes, até porque já assistimos no mercado nacional a uma maturidade digital muito significativa", responde o vice-presidente do grupo IDC. Para Gabriel Coimbra, as organizações financeiras portuguesas vão continuar a "liderar o investimento em transformação digital, em Portugal. "Para além dos canais digitais, prevemos um forte investimento em soluções de automação, cibersegurança e analítica avançada", revela ainda.

Que tecnologias vão marca a evolução dos mercados financeiros? O líder da IDC Portugal considera que a denominada "terceira plataforma" ainda está em fase de consolidação, com "todo o mercado a adotar e a desenvolver processos de transformação" que vão além da cloud, big data e aplicações móveis. "A quarta plataforma [vulgo potencialidades da web3] está à porta e a evolução da banca vai ser potenciada por estas tecnologias", afirma o gestor.

Por exemplo, o responsável da IDC prevê que, em matéria de cibersegurança, "até 2027, 10% das tentativas de fraude de identidade serão reduzidas devido a algoritmos de inteligência artificial [IA], machine learning e deep learning mais sofisticados". E que, até 2028, "50% das empresas irão exigir que os bancos forneçam serviços de dados e serviços transacionais em tempo real, baseados em API [Application Programming Interface], para centralizarem as operações de tesouraria".

Também daqui a cinco anos, a IDC acredita que 50% dos novos títulos emitidos globalmente "serão emitidos como tokens não fungíveis (NFT) ou tokens baseados em blockchain, enquanto canal tecnológico para títulos e dívidas privadas e pública". Considera também que que, até 2025, o investimento em IA crescerá 24,3% e que o investimento em realidade aumentada e realidade virtual vai disparar 56,6%. "Uma das áreas de maior crescimento é a blockchain (34,6%)", aposta Gabriel Coimbra.

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