A última sessão da Conferência Anual da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), na passada sexta-feira, ficou marcada pelo otimismo demonstrado por Pedro Siza Vieira em relação à recuperação económica do país. O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital lembrou a "contração brutal da economia" entre março e maio, em que se verificou uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 13,8%, contrapondo com a rápida recuperação verificada no terceiro trimestre do ano. "Melhor exemplo de resiliência não há. Fomos a quarta economia da União Europeia que no terceiro trimestre mais cresceu", começou por dizer, aludindo à recuperação de 13,2% nesse período..Para o responsável político, o desempenho das exportações de bens foi a principal causa dessa viragem, que permitiu voltar a ter, em setembro e outubro, "níveis de exportação muito próximos daqueles que se verificaram nos meses homólogos de 2019"..Para esses valores contribuíram setores como o automóvel, com "crescimentos muito significativos acima de outubro de 2019", ou o das máquinas e equipamentos industriais, que registou um aumento de 6% nas exportações relativamente ao ano passado..Siza Vieira defende que foi fundamental a resiliência das empresas portuguesas, que conseguiram adaptar-se e, em alguns casos, reinventar-se, mas também os apoios contínuos do Estado. "Aquilo que pretendemos fazer foi mobilizar recursos à disposição do país para ajudar as empresas a absorver esse choque", diz, dando como exemplo as linhas de crédito disponibilizadas e os apoios à manutenção de postos de trabalho..Apesar da nuvem negra que paira sobre o tecido empresarial nacional, e da incerteza para 2021, o ministro aponta que "as consequências não estão a ter a violência que muitos anteciparam", nomeadamente no emprego. "Em novembro, o emprego voltou a crescer e a taxa de desemprego voltou a cair", refere, sublinhando ainda que, no terceiro trimestre, Portugal registou uma taxa de desemprego "abaixo da média da União Europeia"..O responsável pela pasta da economia defende que é preciso continuar o "esforço conjunto" entre empresas e o Estado para manter a resiliência verificada desde março..Depois da ameaça de chumbo ao próximo quadro comunitário de apoio pela Hungria e Polónia, o acordo entre os Estados-membros permite agora ao país respirar de alívio. A bazuca europeia - aliada aos fundos europeus do Portugal 2030 -, vem a caminho e terá, acredita Siza Vieira, um papel fundamental na recuperação económica nacional. "Desta vez, e numa manifestação de determinação e de unidade, a UE soube muito rapidamente tomar um conjunto de decisões absolutamente inéditas e numa escala que demonstra vontade de assegurar que a recuperação da economia europeia e de cada um dos seus Estados-membros se faz da forma mais vigorosa possível", afirma..O envelope financeiro europeu de 750 mil milhões de euros representa para Portugal uma ajuda de 18 mil milhões de euros, que serão utilizados em três dimensões estratégicas - a descarbonização, a transformação digital e a de crescimento em valor. "Temos hoje as condições para encararmos a próxima década com uma confiança acrescida", diz..Para Siza Vieira, a digitalização das empresas deve servir como "motor de transformação e aceleração", que terá ao dispor um pacote de incentivos no valor de 650 milhões de euros. "É uma grande oportunidade para o país poder acelerar o caminho que vinha fazendo e que ficou entre parêntesis durante este ano", diz, sublinhando a confiança nas empresas para fazer face aos desafios que o futuro próximo trará.