Sofri para encontrar casa em Estocolmo

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Decidi bater com a porta um pouco antes do senhor Pedro Passos Coelho convidar os jovens portugueses a emigrar. Despedi-me com mágoa do meu antigo emprego, dos meus amigos e família, e fui estudar para a fria capital da Suécia.

Achei por bem ir cinco dias mais cedo para encontrar uma casa. Fico uns dias num hostel, compro um mapa e vou em busca da Remax sueca - assim pensei e assim o fiz.

Escolhi uma paragem na linha vermelha. Perto do centro da cidade e não muito longe da escola. Passei revista a todos os prédios em busca de cartazes com agentes suecos! Uma hora depois pensava "Onde está o Wally?". As caras já tinham sido esquecidas e a palavra "Rent" era o que mais ansiava ver.

De regresso ao hostel disseram-me que em Estocolmo "não há anúncios nos prédio". Passado uma semana já não tinha dedos para contar o número de pessoas a quem solicitei ajuda. O melhor que arranjei foi um site de classificados. Foi uma nova esperança até ver que o site além de ter um design manhoso estava em sueco. Obrigado google tradutor pela ajuda!

No entanto nem tudo foi negativo. No hostel, acabei por fazer amizades e entrei na segunda semana a pensar, "É agora!". Mas não foi! Na terceira semana decidi escrever e colocar um anuncio nas portas de alguns apartamentos. Fita cola no bolso, cartazes debaixo do braço e lá fui eu em busca da minha futura casa! Três dias depois nenhum sinal de vida. Eu simplesmente não existia.

O sentimento de desespero pelos 35euro de dormida - o mais barato que arranjei - e a incerteza da disponibilidade de camas na camarata que dividia com outras nove pessoas fizeram-me voltar ao site de classificados manhoso. Foi então que fiz um anúncio com a ajuda da rececionista do hostel. Coloquei uma fotografia minha e uma frase que dizia: "Não ganhei a lotaria mas posso garantir dois meses de avanço!".

Estava mesmo desesperado e o dinheiro voava da minha carteira como andorinhas na primavera. Cheguei a pensar o pior, mas finalmente dois dias após colocar o anúncio o meu telemóvel começou a tocar e a minha caixa de email ganhou nova vida!

Visitei três casas e respondi a todas as perguntas que me fizeram. "Temos mais pessoas interessadas no apartamento, logo te ligamos a dar uma resposta". Nada era seguro até que me ligaram a perguntar "hablas espanhol?" (Está a brincar?! Eu falo o que você quiser pensei eu). "Claro que si" respondi. E em bom "portonhol" lá me safei.

Passadas quatro longas semanas, um quarto, um WC, uma cozinha e uma sala pela "módica" quantia de 9000 coroas suecas (1000 euros) mais os dois meses de avanço. Prometido é devido!

Passados 7 meses vou bater de novo com a porta e vou emigrar para os States. Já conheci um novo site (craiglist.org) também ele manhoso. É em inglês e o que não faltam são sítios para viver. Adeus Suécia, até já Portugal.

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