A Sonae Capital vai investir 15 milhões de euros, nos próximos cinco anos, entre renovações de ativos e novas aberturas. O grupo, que esta quinta-feira inaugura o The Editory Boulevard Aliados Porto Hotel, um 5 estrelas em plena Avenida dos Aliados, tem ainda prevista a abertura de outro, de 4 estrelas, já no próximo ano, também na Baixa do Porto. Segue-se um 5 estrelas em Lagos, em 2024, e mais três hotéis em cada um dos três anos seguintes, mas sem localização ainda definida, sendo certo que as prioridades do grupo se centram nas cidades de Lisboa e Porto e na primeira linha de mar do Algarve.
O objetivo, diz Pedro Capitão, CEO da área de hotéis da Sonae, é fechar 2027 com 12 unidades hoteleiras em funcionamento, num total de 1800 quartos. Destas, oito estão já operacionais, após a abertura, no início do ano, do hotel em Santa Apolónia, e agora nos Aliados, no Porto, num total de 1300 quartos. Os dois novos hotéis já em construção, no Porto e em Lagos, acrescentarão mais 325 quartos ao portefólio da Sonae, sendo que ficam por concretizar cerca de 200 quartos para a meta definida como "ambição mínima a concretizar", assume Pedro Capitão.
Os 15 milhões a investir contemplam, ainda, as renovações previstas nos hotéis Porto Palácio, Aqualuz Tróia e Aqualuz Lagos, as unidades mais antigas do grupo.
A dificuldade na contratação de trabalhadores é uma das preocupações da Sonae Capital, que não antecipa quantos trabalhadores terá, no total, quando atingir o patamar mínimo dos 1800 quartos sob gestão. Sendo certo que Pedro Capitão havia anunciado, no início do ano, a necessidade de contratar 300 novos colaboradores em 2022, sendo que "parte significativa" desse número está já contratado. Um número que contempla os 110 trabalhadores contratos para Santa Apolónia e Aliados, mais os 190 colaboradores sazonais necessários para dar resposta ao acréscimo de procura no verão, em especial em Tróia. Para as novas unidades previstas para 2023 e 2024 serão necessários mais 60 trabalhadores.
"O emprego varia muito de unidade para unidade, porque algumas, como Tróia, têm um cariz muito sazonal, e outras funcionam 12 meses por ano, com um modelo muito diferente. Mas sim, tem sido difícil contratar. Há uma escassez de profissionais qualificados, um fenómeno que se agravou, de forma bastante intensa, nos últimos dois anos", refere o responsável, admitindo que a atratividade, ou a falta dela, em algumas funções e as questões salariais não ajudam.
"Claro que algumas profissões são mais atrativas do que outras ou, pelo menos, é essa a perceção que se tem, e o salário médio de algumas funções estará, provavelmente, abaixo do salário médio nacional, o que contribuirá para uma atratividade diminuta. Mas temos feito um esforço para fazer um aumento gradual das remunerações, de modo a sermos mais competitivos", sublinha Pedro Capitão. Além disso, o grupo começa já a incluir outras nacionalidades, como brasileiros, paquistaneses e indianos, embora em número "não muito significativo".
Em termos de faturação, e após um crescimento de 40% em 2021, para 15,5 milhões de euros, que não compensaram a quebra de 60% do primeiro ano da pandemia, Pedro Capitão mantém perspetivas modestas para 2022. "Claro que as novas aberturas têm um impacto relevante do ponto de vista global, mas, numa base comparável, ficaremos ainda aquém dos valores pré-pandemia, na ordem dos 80 a 85% do que foram os números em 2019", refere. Recorde-se que o volume de negócios do segmento de hotelaria cresceu mais de 16% em 2019, para 27,7 milhões de euros, sendo que 80 a 85% disto se situa entre os 22 e os 23,5 milhões.
"Os dados mostram que o volume de tráfego estará, este ano, ainda em torno dos 85% de 2019, pelo que foi assim que pensámos o ano, com uma tendência de melhoria da receita média, mas ainda com um volume inferior. De qualquer forma, estou certo que teremos desempenhos diferentes consoante as diversas regiões, com uma aproximação significativa a 2019, mas sem alterar as perspetivas de uma recuperação total do turismo só em 2024", frisa.
Sob os efeitos da guerra na atividade, Pedro Capitão admite que o setor, em Portugal, não está significativamente exposto a turistas russos e ucranianos, tendo o conflito, a esse nível, um impacto reduzido. O que não significa que não se faça sentir, a nível económico, ao reduzir a confiança dos consumidores. "Os sinais para o verão são animadores, na generalidade dos destinos. Mas há um conjunto de variáveis, relacionadas com a incerteza quanto à evolução do rendimento disponível das famílias, por via da progressão muito acelerada dos preços no cabaz alimentar, mas também na energia e nos combustíveis, que temos que ir acompanhando e que vão constituir um desafio nos próximos tempos", sustenta.
Sob a chancela The Editory Collection Hotels, a Sonae tem em operação três hotéis no Porto (Porto Palácio, The Artist e Boulevard Aliados), um em Lisboa (Riverside Santa Apolónia), dois em Tróia (Aqualuz e By the Sea) e um em Lagos (Aqualuz), bem como os apartamentos turísticos Troia Residence.