Sonae com 36 milhões de euros de prejuízos totais até setembro

O resultado líquido atribuível a acionistas é negativo em 24 milhões de euros. Efeitos da pandemia continuam a fazer-se sentir em especial na atividade dos centros comerciais, dos cinemas e audiovisuais e, também, na área da moda. Em contrapartida, as vendas do retalho alimentar estão a crescer 10% para 3,8 mil milhões de euros.
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O grupo Sonae encerrou o terceiro trimestre com lucros de 48 milhões de euros, uma quebra de 28,3% face a igual período do ano passado. No acumulado dos nove meses, o grupo presidido por Cláudia Azevedo, acumula prejuízos totais de 36 milhões de euros, que a Sonae justifica com as provisões que realizou no primeiro trimestre por causa da pandemia e com a redução da valorização do portefólio da Sonae Sierra, no segundo trimestre, também relacionada com a covid-19. No período homólogo, o grupo havia registado 131 milhões de euros de lucros. O resultado líquido atribuível a acionistas é negativo em 24 milhões de euros.

No comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário, Cláudia Azevedo defende que, neste contexto, a Sonae "continuou a mostrar um desempenho muito resiliente", impulsionado pelo conhecimento dos clientes, uma "resposta rápida" na frente digital e uma capacidade de todo o grupo "de inovar e de se adaptar rapidamente" às circunstâncias. Entre janeiro e setembro, o volume de negócios da Sonae cresceu 5,9% para 4.908 milhões de euros, mas o EBITDA caiu 10,1% para 436 milhões de euros. "Continuámos a preservar o nosso balanço, implementando várias iniciativas de preservação de liquidez em todos os negócios e refinanciando montantes importantes de dívida", diz a CEO do grupo, sublinhando que, no total, a dívida líquida consolidada diminuiu 287 milhões, nos últimos 12 meses, para 1.233 milhões de euros, com todos os negócios a manterem "níveis de alavancagem conservadores".

Com as condições de financiamento "praticamente inalteradas" no terceiro trimestre, o custo da dívida foi de cerca de 1,2%, com um perfil de maturidade média acima de quatro anos. "Desde o final de 2019, a Sonae já refinanciou mais de 650 milhões de euros em empréstimos de longo prazo", pode ler-se no comunicado. Que destaca que, apesar da pandemia, as empresas do grupo continuaram a investir: o investimento (CAPEX) aumentou 36,5% para 376 milhões, "refletindo a expansão das operações e as aquisições dos restantes 50% da Salsa e de 7,38% do capital na NOS".

Recorde-se que, no terceiro trimestre, a Sonae reforçou a sua posição na NOS e anunciou o acordo de dissolução da parceria na ZOPT, operações que, quando forem executadas, garantirão uma posição autónoma de 33,45% na NOS. Além disso, a NOS concluiu a venda da NOS Towering à Cellnex com um encaixe total de 550 milhões. "Entretanto, já no quarto trimestre, a Arctic Wolf - líder em operações de cibersegurança - após uma angariação de fundos de 200 milhões de dólares numa Série E com uma avaliação de 1,3 mil milhões, tornou-se o segundo unicórnio da Sonae IM, resultando numa mais-valia contabilizada nos capitais próprios de quase 29 milhões de euros", destaca o comunicado.

Numa análise por áreas de negócio, destaque para o crescimento de 10% da Sonae MC, que registou vendas de 3,8 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. Uma evolução explicada pelo "desempenho robusto" tanto dos hiper como dos supermercados, "bem como pelo comportamento sem precedentes do negócio online". Já as vendas da Worten cresceram 4,3% para 775 milhões de euros. As vendas online mais do que duplicaram, face a 2019, reforçando a liderança da insígnia em Portugal, cuja quota de mercado online ultrapassa já o offline.

Também na Sonae Fashion as vendas digitais mais do que duplicaram. Mesmo assim, no acumulado do ano, o volume de negócios desta holding caiu 16,6% face a 2019 para 232 milhões de euros. Na Sonae IM, a faturação manteve-se estável nos 89 milhões de euros, com as empresas de cibersegurança a apresentarem um "crescimento de vendas de dois dígitos e uma rentabilidade positiva sustentável".

Com o resultado dos centros comerciais afetado pela pandemia, a Sonae SIerra acumula prejuízos de 20 milhões de euros entre janeiro e setembro. "Após o confinamento geral no segundo trimestre, a Sonae Sierra registou tendências operacionais positivas durante o terceiro trimestre, embora ainda abaixo dos níveis pré-pandémicos. Tanto as vendas dos lojistas como o número de visitantes mostraram sinais de recuperação no trimestre, com as vendas em setembro e o número de visitantes 14% e 22%, respetivamente, abaixo do ano passado, e com Itália e Espanha a registarem os desempenhos mais fortes de todo o portefólio. Adicionalmente, a taxa de ocupação no portefólio europeu manteve-se estável em 96,4%", especifica o comunicado.

Que acrescenta que, à semelhança do trimestre anterior, o resultado direto da Sonae Sierra entre julho e setembro foi negativo em 2,8 milhões de euros, "refletindo o impacto da lei de arrendamento introduzida em Portugal e os descontos acordados com lojistas nas restantes geografias, principal impulsionador da redução de 40% das receitas de rendas desde o início do ano". Além disso, a Sierra "efetuou avaliações externas" aos seus ativos europeus em setembro, dado o "ambiente de incerteza no mercado", e registou com isso um "impacto negativo de nove milhões de euros".

Quanto à NOS, a atividade foi marcada pelos "impacto da pandemia" nos resultados operacionais e financeiros, com os efeitos das restrições a serem sentidos no segmento das telecomunicações, com a queda das receitas de roaming, mas, sobretudo, no segmento do cinema e audiovisuais. As receitas da NOS caíram 7% desde o início do ano, para 1.014 milhões de euros.

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