Sonatural investe em nova imagem para mercado que é "ringue de boxe"

"<em>Under pressure</em>" é a nova assinatura dos sumos Sonatural. Cores vibrantes e letras de "pernas para o ar" caracterizam o <em>rebranding </em>da marca que quer crescer num setor muito competitivo.
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Nascida em Portugal há 15 anos, a marca de sumos Sonatural relança-se no mercado com uma nova imagem. O rebranding criou a assinatura "under pressure" (sob pressão, em português). O conceito remete para a tecnologia HPP (high pressure preservation), ou seja, de pressão a frio utilizada no processo de produção dos sumos, explica a diretora de marketing, Joana Santos, em entrevista ao Dinheiro Vivo.

Os objetivos do rebranding, no qual foram investidos 200 mil euros, são o rejuvenescimento da marca e o alargamento da base de clientes, cujo perfil é um consumidor urbano e informado.

O logótipo de "pernas para o ar", onde os protagonistas são as frutas, assim como as cores vibrantes, pretendem chamar a atenção do consumidor quando olha para as prateleiras dos supermercados. A Sonatural define o mercado dos sumos como "ringue de boxe", devido à crescente concorrência no setor e, por isso, "vale tudo".

No dia-a-dia a pressão pode ter uma conotação negativa, no entanto, para a Sonatural, a "pressão com a dose certa é positiva e é boa porque nos faz ser melhores, vivermos mais, sentirmos mais, sermos criativos, estarmos mais vivos", refere a diretora de marketing. A responsável explica que abandonaram o logótipo antigo, a imagem da nuvem inocente com tons suaves, porque "já não faz sentido com a imagem mais arrojada".

A Sonatural define-se como clean label devido à composição dos sumos - sem açúcares adicionados, aditivos, conservantes ou água. Os ingredientes são 100% naturais e isso é o que os diferencia, sublinha a marca. "Há muitas empresas com produtos que se fazem passar por sumos naturais e não o são, devido à pasteurização, e não utilizam fruta fresca", alerta o CEO e fundador da Sonatural, Douglas Gilman.

A marca, que é pioneira na Europa no uso da HPP, faz com que as embalagens dos sumos e outros produtos sejam submetidas a altas pressões, atingido os 6000 bares, o equivalente a 60 quilómetros debaixo de água, para que todas as bactérias sejam eliminadas.

O processo dura seis minutos, comprimindo as garrafas e descomprimindo em três segundos.
Mas será que neste processo o sumo não perde nutrientes? "Se estiver fechado, não. Quando é aberto dura até quatro dias e depois começa a perder devido à oxigenação. Isto também acontece em casa", explica Douglas Gilman.

Os sumos, quando vistos nos supermercados, fazem a sedimentação (separação entre a polpa e o líquido) sendo que "há clientes que ficam reticentes porque acham que podem estar estragados, e que utilizam água, mas não. Isto é a natureza a revelar-se", explica Joana Santos. "A sedimentação mostra a qualidade e é isso que queremos passar às pessoas", acrescenta o fundador da marca.

A sustentabilidade e meio ambiente é uma preocupação da Sonatural e, deste modo, as garrafas de plástico têm 50% RPET (PET reciclado) sendo facilmente recicláveis, criando uma pegada carbónica menor. "Não podemos utilizar vidro devido às altas pressões, porque a garrafa ia partir-se, mas quando o plástico é bem reciclado tem uma pegada carbónica menor do que o vidro", explica Joana Santos.

Com uma fábrica em Portugal, na Azambuja, a empresa, que emprega 200 pessoas, pretende que os sumos sejam iguais aos feitos em casa. Por isso, 80% dos ingredientes são nacionais como as maçãs, laranjas, legumes e verduras. Importados são o ananás (Costa Rica ou Madeira), o gengibre (Peru ou China) e a manga (Brasil). Os sabores que os consumidores preferem, explicam, são os frutos vermelhos, limão e gengibre.

Na empresa, a fruta não se desperdiça. "Antigamente gastávamos nove mil euros e as sobras iam para quintas e eram dadas aos porcos", afirma Douglas Gilman. "Agora temos uma economia circular, onde reaproveitamos a fruta toda", acrescenta. A empresa tem em curso um projeto para passar a funcionar toda a energia solar.

A nova imagem, desenvolvida pela agência Judas, arrancou na passada quarta-feira, com campanhas outdoor em Lisboa e no Porto, nas redes sociais, e noutros meios.

A empresa GL, fundada pela família Gilman há 79 anos, da qual a Sonatural faz parte, começou na área do vidro, cerâmica e tintas, tendo, mais tarde, enveredado pelo caminho da produção alimentar. A fábrica, com duas produções distintas (líquidos e refeições leves) tem dez linhas de produção espalhadas por 9000 m2, das quais saem anualmente 16 milhões de produtos. São fabricados 150 mil litros de sumo por mês, extraídos de 250 toneladas de fruta e embalados em 430 mil garrafas.

Antes da pandemia, o mercado português valia 20% das vendas e a marca tinha uma faturação anual de cerca de 34 milhões de euros. Mas, com a covid-19, houve uma quebra de 50% no negócio, sobretudo devido às quebras no catering aéreo e na restauração, canais de distribuição que estagnaram, tendo a empresa ficado com quase um milhão de euros em stock, revela Douglas Gilman.

Além de uma fábrica em Portugal, a empresa tem outra unidade na Califórnia, nos Estados Unidos, na qual investiu sete milhões de euros em 2019. O nome da marca nos Estados Unidos é Sofresco e a fábrica utiliza o sistema HPP, sendo o processo de produção dos sumos muito idêntico ao utilizado em Portugal. A par dos mercados português e norte-americano, os sumos Sonatural são exportados para o Canadá, Suíça, Inglaterra, França e Espanha, sendo este último país o principal mercado da Sonatural.

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