A Sotheby's vai abrir dentro de poucas semanas a segunda agência imobiliária no Porto, depois de no ano passado ter apostado numa nova loja em Cascais e de ter inaugurado um espaço na zona das Amoreiras, em Lisboa. Em breve, irá mudar também de instalações na Madeira. Este plano de expansão será acompanhado por um reforço de capital humano. Segundo Miguel Poisson, CEO da Sotheby's Portugal, neste ano deverão ser contratadas mais 100 pessoas a nível nacional, para se juntarem à atual equipa de 250 colaboradores. Com a abertura da loja na Baixa do Porto, no edifício do hotel de cinco estrelas Intercontinental, a imobiliária de luxo passa a explorar dez agências no país.
O reforço da presença no Porto, onde já tem uma agência na Boavista, "é estratégico para o posicionamento da Sotheby's. A cidade é muito interessante do ponto de vista da rentabilidade para alguns investimentos", justifica. Os investidores conseguem adquirir imóveis com um preço médio 30% abaixo do praticado em Lisboa e se os colocarem em regime de alojamento local obtêm diárias que não têm essa diferença - há uma maior rentabilidade dos ativos. "Uma das vantagens do Porto é esse enorme potencial para investidores", frisa o gestor.
Vantagens a norte
A aposta numa loja na Baixa do Porto, que deverá arrancar em abril se a evolução pandémica assim o permitir, prende-se também com o foco num novo cliente, os estrangeiros que procuram casa dentro do regime de residentes não habituais. Como adianta Miguel Poisson, existe muita procura neste contexto, nomeadamente de franceses, e a cidade tem vindo a disponibilizar produto bastante diferenciado, que se adequa muito ao segmento da Sotheby's. A título de exemplo, o responsável adianta que atualmente um terço das transações no Porto é assegurado por estrangeiros, quando ainda há três anos representavam apenas 10%.
O plano de crescimento da Sotheby's em Portugal, que se iniciou em plena pandemia, será acompanhado pelo recrutamento de mais colaboradores. Segundo Miguel Poisson, a imobiliária de luxo quer contratar neste ano 30 profissionais para o Porto, outros tantos para Cascais e Algarve, onde tem espaços em Vilamoura e Carvoeiro, e dez para a Madeira. É que, apesar de alguma retração sentida em 2020, com foco nos meses do primeiro confinamento, quando a atividade congelou, o mercado imobiliário português mantém intactos os requisitos de atratividade.
Miguel Poisson estima que 2021 será um ano de crescimento progressivo, impactado pelo processo de vacinação. "À medida que se vá ganhando imunidade de grupo, é natural que o mercado vá crescendo. Até ao verão será a um ritmo mais lento, mas a seguir perspetiva-se muito interessante."
De alguma forma, foi o que sucedeu em 2020. A Sotheby's acabou por fechar o exercício com vendas da ordem dos 300 milhões de euros, em linha com 2019, com o negócio a ser impulsionado a partir de junho. "Mais de metade dos nossos compradores são estrangeiros e, com as restrições nas viagens foram adiados negócios que estavam em curso, alguns caíram, mas a maioria acabou por ser concretizada."
E não faltaram vendas emblemáticas à imobiliária, que responde por operações com um valor médio superior a um milhão de euros. Como conta Miguel Poisson, a Sotheby's mediou transações de mais de dez milhões de euros na zona de Lisboa Oriental, alienou alguns palacetes na linha do Estoril e várias moradias nas zonas mais exclusivas do Algarve. Portugueses, brasileiros, ingleses, suíços, russos, chineses, turcos e também norte-americanos foram algumas das nacionalidades que marcaram os negócios da empresa em 2020.