A economia portuguesa vai crescer bastante menos este ano por causa da crise galopante e da guerra contra a Ucrânia, diz a agência de ratings Standard & Poor's (S&P), mas esta continua a acreditar que o governo vai ser capaz de fazer um brilharete orçamental. Em 2022, mas em 2021 também. A nota da dívida ficou na mesma: em BBB e com tendência (outlook) "estável".
O crescimento da economia vai ressentir-se em 2022. Em outubro, o governo estava a apontar para uma retoma de 5,5%, mas segundo a empresa avaliadora da qualidade da dívida deve rondar 4,6%. Pode piorar, por causa da guerra.
No entanto, parece haver folgas substanciais no défice. Em 2021, diz a S&P, o défice público deve ficar abaixo de 3% do produto interno bruto (PIB), nos 2,9%.
E este ano, mesmo com o descalabro na economia europeia e mundial, a S&P prevê um valor na casa dos 2%. Mais baixo ainda que no Orçamento do Estado de 2022 (que foi chumbado), onde o governo tinha como meta 3,2% do PIB.
"As incertezas geopolíticas globais e o aumento dos preços da energia e das matérias-primas levaram-nos a rever a nossa previsão de crescimento do PIB de Portugal em 2022, de 5,7% para 4,6%, mas com possíveis descidas adicionais, dependendo da evolução do conflito na Ucrânia", dizem os avaliadores.
"Apesar disto, as perspetivas de crescimento do PIB português a médio prazo são favoráveis, com o turismo posicionado para uma forte recuperação em 2022-2023 e 69,5 mil milhões de euros (22% do PIB) em subvenções da União Europeia a serem desembolsados entre 2022 e 2027."
"O défice público de 2021 deve ser inferior a 3% do PIB", abaixo da meta de 4,3% do governo. E depois "diminuirá dentro da casa dos 2% do PIB em 2022", caminhando "no sentido do equilíbrio até 2024".
"Um crescimento sólido e contas externas e orçamentais equilibradas colocaram os rácios da dívida pública e privada novamente numa trajetória descendente acentuada, embora partindo de níveis elevados", observa a Standard & Poor's.