STE exige revogação das quotas no sistema de avaliação da função pública

Em reunião, hoje, governo disse estar "para breve" proposta de revisão do sistema de avaliação da função pública, ainda por acertar com "outras áreas governativas".
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A presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) exigiu esta segunda-feira a revogação das quotas no sistema de avaliação da função pública, sublinhando que sem quotas, esta estrutura sindical não vê inconveniente em que o sistema seja revisto.

"Se acabarem as quotas do sistema, não vemos inconveniente em que o sistema seja revisto neste sentido", precisou a presidente do STE, Helena Rodrigues, no final da reunião com o Governo, tendo criticado a falta de reposta do executivo.

As três estruturas sindicais da função pública reuniram-se hoje com o Governo, pela segunda vez, para discutir a revisão do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho na Administração Pública (SIADAP), reivindicando uma alternativa mais justa e sem quotas.

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), tinham a expectativa de que hoje lhes fosse apresentada uma proposta concreta, dado que na reunião de 09 de abril o Governo apenas apresentou um conjunto de princípios.

No final de abril, e na sequência do conjunto de princípios apresentado pelo Governo, o STE enviou ao secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, um documento onde constata que o SIADAP "tem servido apenas para conter o crescimento da massa salarial" com a maioria dos trabalhadores a ficarem estagnados no mesmo nível remuneratório por 10 anos.

Entre as alterações que propõe ao SIADAP esta estrutura sindical inclui a abolição das quotas, que o sistema seja anual ou ainda que preveja a publicitação de todos os desempenhos relevantes e excelentes com a devida fundamentação "para que possam servir de padrão de referência" aos restantes avaliados.

O STE considera ainda que deve ser alterado o regime de progressão na carreira (aplicável às carreiras gerais e às quais se exigem atualmente 10 pontos para poderem progredir), defendendo que a progressão deve acontecer em módulos de ¾ anos desde que haja avaliação positiva.

No documento, o STE sublinha que este sistema se aplica a menos de 50% doa funcionários públicos, já que não contempla médicos, docentes funcionários judiciais ou forças policiais entre outras carreiras especiais.

Esta segunda ronda negocial sobre o sistema de avaliação realiza-se dez dias antes da greve marcada para dia 20 pela Frente Comum, em defesa do aumento dos salários, da revisão das carreiras e da tabela remuneratória e da revogação do SIADAP.

Recebidos antes do STE, Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) e Frente Comum tinham já lamentado a falta de resposta do Governo com o secretário-geral da Fesap, José Abraão, a indicar que o secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, tinha referido que o projeto estaria "para breve" e que estava a ser acertado com "outras áreas governativas", não tendo sido sequer avançado qualquer compromisso.

A Frente Comum entregou no ministério, antes de entrar, 66.112 assinaturas pela revogação do SIADAP e pela sua substituição "por um sistema justo, equitativo, transparente e sem quotas".

A ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, disse numa audição parlamentar em 27 de abril que na próxima ronda negocial iria apresentar a proposta do Governo aos sindicatos, que permitirá acelerar as progressões na carreira, mas com saltos salariais mais reduzidos.

A governante reconheceu que "a progressão nas carreiras gerais é demasiado lenta", pois na maioria dos casos são precisos 10 anos para o trabalhador progredir, e disse que uma das vias para a sua aceleração é "a anualização do SIADAP", medida que está na base da revisão do sistema, que atualmente é bienal.

Porém, Alexandra Leitão sublinhou que a anualização do SIADAP "não quer necessariamente dizer que as pessoas ganhem mais dinheiro de cada vez".

A ministra reafirmou ainda a intenção do Governo em manter as quotas para atribuição das classificações de desempenho mais elevadas, mas com a possibilidade de as indexar "à qualidade do serviço prestado".

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