Storyo. A startup portuguesa que quer contar a sua história em vídeo

Empresa vai lançar versão 2.0 da app que usa algoritmo para criar narrativas a partir das fotos do utilizador. Está em teste parceria com ShutterStock
Publicado a

Há centenas de aplicações que oferecem colagens, slideshows, filtros, rabiscos e montagens a partir das fotos tiradas com o smartphone. Algumas tornaram-se virais, como a Masquerade e a Prisma. Todas estão a tentar sobressair num mercado onde os utilizadores são voláteis e experimentam de tudo sem permanecerem em nada.

E nenhuma é como a portuguesa Storyo, uma startup criada há dois anos com a ideia de contar uma história através de fotos usando algoritmos e inteligência, não o tempo e paciência do utilizador.

“Aquilo que nós estamos a fazer é criar uma narrativa. Não há nenhuma outra app que faça alguma coisa como isso”, diz ao Dinheiro Vivo Leonel Duarte, diretor criativo da Storyo, durante o Mobile Photo Connect, que decorreu em São Francisco.

A startup portuguesa foi uma das patrocinadoras do evento, uma forma de preparar a próxima etapa: o lançamento da versão 2.0, com mais ferramentas e ideias inovadoras. É a versão que tinham em mente desde o início, e em que estiveram a trabalhar no último ano.

O funcionamento é simples: o utilizador descarrega a app e dá permissão para aceder ao rolo da câmara. Quando quer criar um vídeo para contar uma história – por exemplo, de uma viagem de trabalho ou de uma despedida de solteiro – seleciona o intervalo temporal que pretende e a aplicação concebe a narrativa, usando as datas e a informação de localização das fotos. Isto demora, literalmente, segundos.

É o que torna a Storyo diferente do que existe hoje no mercado: ou ferramentas do estilo slideshow, que geram automaticamente sequências fotográficas, ou de criação, que exigem do utilizador uma intencionalidade e dispêndio de tempo.

“O nosso caso de utilização é que, para contar a história de um período da vida, a pessoa só tem de selecionar o primeiro momento e o último e a Storyo encarrega-se do resto. É instantâneo.” A app organiza as fotos em capítulos. “Aplicamos técnicas de mineração de dados para ver quer a localização quer a hora e data em que a foto foi tirada e vemos qual é a narrativa que melhor se adequa a isso”, explica Leonel Duarte.

A startup, que em fevereiro recebeu investimento da Portugal Ventures, não revela números de downloads ou de utilizadores, mas sim de envolvimento: já processaram 10 milhões de fotografias e 1,8 milhões de histórias. Agora, a intenção é investir no mercado norte-americano, onde existe grande apetência por este tipo de ferramentas, e na América Latina – sobretudo Brasil, mas também Argentina e México – onde a partilha de imagens e vídeos é muito forte. Isso será feito com a nova versão da app, que será lançada em breve para iOS e Android.

Storyo 2.0

É uma versão que envolve um trabalho prévio de análise do perfil do utilizador. O algoritmo percebe quais são as zonas onde a pessoa tira mais fotografias e adiciona informações à história conforme esse perfil. “Se eu estiver a fazer uma história de um momento que tive em Lisboa, a minha zona, a informação meteorológica não é relevante. Mas se estiver em viagem, já pode ser interessante”, explica o executivo. Cada história tem entre 15 segundos e um minuto e será dividida em três segmentos: aquilo que tem a ver com contexto, a sequência de acontecimentos e o impacto que esse evento teve nas redes sociais do utilizador.

“Tanto da nossa vida passa pelos smartphones e pelas plataformas digitais com que interagimos. Quando peço à Storyo para contar um período da minha vida, ela varre todos esses elementos para ver quais são os que podem ser interessantes para integrar na narrativa”, resume Leonel Duarte.

Mas, ao contrário da maioria das aplicações, a Storyo processa todos os dados dentro do dispositivo do utilizador, não requerendo o upload das imagens para um servidor. Isso permite-lhes um resultado quase instantâneo e transparência no acesso aos dados do utilizador.

A outra característica da versão 2.0 é que permitirá colaboração entre amigos na criação dos vídeos de fotos. “A colaboração ainda não foi bem resolvida em nenhum caso”, destaca o responsável. “Eu vou de férias com alguém, pego nas minhas fotos, crio instantaneamente histórias e depois convido pessoas a contribuir. Elas recebem um convite, escolhem fotos suas, adicionam, e a história que sai já é das duas pessoas”, explica. Depois, o vídeo é exportado para o Facebook, Instagram, WhatsApp, email ou qualquer outro formato que o utilizador queira usar.

Parceria com a ShutterStock

A Storyo está a testar a disponibilização da base de dados da ShutterStock, que oferece milhões de fotos e vídeos para uso profissional, dentro da sua aplicação. A ideia é que os utilizadores possam usar uma imagem de alta qualidade no início de uma das suas histórias – por exemplo, mostrando o Cristo Redentor fotografado por um drone para a história de uma viagem ao Rio de Janeiro. O modelo de negócio não está definido, mas seria cobrado um valor baixo por esta utilização, algo como 99 cêntimos.

Outros formatos de monetização que a Storyo vai explorar é o pagamento por funcionalidades extra, tais como a criação de vídeos mais longos (por exemplo, 2 minutos) e a retirada da marca d’água da empresa. “A compra vai depender do momento: um casamento, uma viagem importante, se calhar vou gastar um dólar para dar esse passo”, diz Leonel.

Mas as taxas de conversão neste mercado são muito baixas (1% ou 2%), o que requer uma base de utilizadores muito grande. Algo que, neste momento, nem é o foco da Storyo. O sucesso pode passar por uma venda, uma integração, uma parceria. Nada está definido. O que a startup quer agora é entregar uma ferramenta robusta, diferenciada, que pode distinguir-se de todo o ruído da indústria. “Estamos a produzir um conteúdo que é evoluído.” A ambição é fazer pelo “storytelling” o mesmo que o Instagram faz por uma foto mundana: torna-a interessante.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt