Supers preparados para novo confinamento

Grande distribuição diz-se mais preparada para este novo confinamento. Online está mais robusto e há plataformas a reforçar equipas para responder a aumento de procura.
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Nos supers já se sente algum aumento da procura, mas as prateleiras vazias do início do primeiro confinamento não deverão repetir-se. Passado quase um ano e duas vagas pandémicas depois, as cadeias estão mais preparadas. O duro embate de março deixou importantes lições. "Estamos agora mais preparados depois da experiência e processos implementados com sucesso na primeira vaga da pandemia", garante porta-voz da Sonae MC, a dona do Continente. Martinho Lopes, administrador do Intermarché, reforça: "Entre o aumento dos stocks de segurança por parte do retalho e uma maior capacidade de resposta por parte da indústria, acreditamos que a escassez de bens alimentares será a menor das preocupações dos portugueses nesta altura."

O anúncio de um novo confinamento geral na sexta-feira não gerou uma corrida desenfreada dos consumidores. "Não registamos até agora nenhuma alteração nos padrões de consumo, há várias semanas que registamos sim, uma transferência do consumo do fim de semana para os dias úteis da semana, em particular o reforço da procura à sexta-feira, uma vez que na maioria dos concelhos o comércio está obrigado a encerrar às 13h", diz Martinho Lopes.

"Há maior afluência", admite Acácio Santana, mas "a situação de corrida às superfícies comerciais, como em março e abril, não se regista". Na hora de encher o cabaz "conservas e os congelados continuam em alta, que há um aumento do número de tickets e que o cesto de compras médio é superior em número de produtos e valor, em consequência do aumento do consumo no lar, tendência já observada anteriormente, e da perspetiva de um novo confinamento mais apertado", refere o diretor-geral da Coviran Portugal.

E o mesmo diz a Mercadona. "Estamos a notar uma maior procura nos nossos supermercados nestes últimos dias. Nada comparado com o "açambarcamento" que se verificou anteriormente, sendo que o abastecimento está assegurado", diz a cadeia espanhola, com duas dezenas de lojas em Portugal.

Nem o nevão em Espanha, que na Coviran gerou "atrasos no abastecimento" repostos logo na terça-feira, faz temer por falta de capacidade das cadeias em manter as prateleiras cheias. "Não se prevê qualquer alteração no abastecimento às nossas lojas", assegura fonte oficial do Pingo Doce. A cadeia da Jerónimo Martins "está a trabalhar em estreita colaboração com os seus produtores e fornecedores, de modo a garantir a manutenção da cadeia de abastecimento, com temos feito até então".

"O Lidl Portugal não tem tido nem prevê, qualquer dificuldade de reposição de mercadoria nas suas lojas", afirma a cadeia alemã. "Vimos de semanas de consumo adicional, associadas ao fim do ano, pelo que ainda não é possível associar o aumento de consumo durante o fim de semana ao previsível confinamento. Estamos preparados para um possível aumento de procura."

"Não temos tido dificuldades de reposição e de abastecimento, ainda que possam ocorrer, circunstancialmente, numa ou outra loja. Temos um parque de mais de 560 lojas em todo o território nacional e todos os ensinamentos que recolhemos desde março do ano passado têm contribuído para estarmos melhor preparados para responder a fenómenos desta natureza", refere Helena Guedes, diretora comercial do DIA Portugal.

No Continente ajusta-se "os horários das lojas Continente em cada concelho, de forma a maximizar a segurança e o conforto dos nossos clientes", diz porta-voz da Sonae MC. A parceria com a Uber Eats e a Glovo foi igualmente reforçada para que os clientes possam encomendar refeições e compras, sem a terem de ir aos super.

O primeiro confinamento também trouxe picos de procura do online, gerando atrasos de várias semanas nas entregas. Estará agora o online das cadeias mais robusto? "Estamos preparados para acompanhar a procura, naturalmente dentro de determinados limites que não poderemos exceder, sob pena de não conseguirmos responder às expectativas dos nossos clientes", diz fonte oficial da Auchan, que no primeiro confinamento teve filas digitais na sua loja online. "Temos vindo a acompanhar o crescimento da procura com a mobilização dos recursos necessários, de forma preparada e sem surpresas. O que aconteceu no confinamento passado faz-nos obviamente prever, hoje, alguns cenários para os quais consideramos estar preparados".

A loja online do Minipreço - cadeia do dia - nasceu em plena pandemia e já previa "dar resposta a picos e excessos de procura", diz Helena Guedes. "Temos um serviço testado em Lisboa e no Porto, a crescer acima das nossas expectativas, e que tem sido ajustado em função disso. Mas também temos parcerias com as maiores empresas do setor de entregas domiciliárias nas principais cidades do país o que nos garante uma capacidade de resposta bastante intensa para os clientes que privilegiam a compra online", acrescenta a diretora comercial do DIA Portugal.

Ao longo do ano passado, no Mercadão - marketplace que, entre outras marcas, assegura entrega rápidas do Pingo Doce - foi reforçando "com centenas de novos personal shoppers", tendo as entregas crescido oito vezes. "Hoje somos mais de 600 shoppers a fazer entregas no mesmo dia em mais de 100 cidades", diz o CEO, Gonçalo Soares da Costa. "Estamos confiantes que com o reforço feito nas nossas equipas estaremos preparados para responder a um novo pico rapidamente, caso este se verifique. Continuamos a recrutar ativamente, com o objetivo de integrar mais 100 shoppers nas próximas semanas".

Depois dos casos de infeção na Azambuja - importante centro de distribuição - a fazer temer pela capacidade de "alimentar" o país, as cadeias reforçaram medidas de segurança sanitária. A Auchan lembra que o centro distribuição nacional em temperatura ambiente, localizado na Azambuja, tem o selo Safety covid by ALS "afirmando a total segurança da operação desde o processo de distribuição até às lojas."

E no centro de distribuição do Pingo Doce "desde o dia 13 de março, à chegada é medida a temperatura a todas as pessoas, quer sejam colaboradores ou visitantes (exemplo, camionistas que venham entregar ou receber mercadorias)", adianta fonte oficial. Os colaboradores "deslocam-se, na sua grande maioria, em autocarros disponibilizados pelo grupo Jerónimo Martins (o número de autocarros foi reforçado de forma a garantir-se as distâncias de segurança entre os passageiros em cada um dos veículos) ou em transporte particular", diz ainda, sendo obrigatório o uso de máscara. "Estamos atualmente a fazer, de forma totalmente proativa, 5000 testes por mês às nossas equipas, sendo que nos armazéns da Azambuja, todos os colaboradores são testados pelo menos uma vez por mês."

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