Surfar a onda do Euro 2020

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Entra hoje em campo a Seleção Nacional de futebol para um jogo que promete mobilizar toda a nação. Mas, o esférico não roda só para os defensores do título de Campeão Europeu. As marcas estão a apostar forte em surfar esta onda de entusiasmo, umas pela via oficial, outras por vias menos ortodoxas, num vale tudo para cativar a atenção do consumidor.

Mais de quatro milhões de portugueses assistiram à transmissão em direto da sofrida partida Portugal-Alemanha, o que confirma uma vez mais o poder que a bola tem em parar todo um país. Depois de uma longa espera pelo regresso dos grandes eventos desportivos, sucessivamente adiados devido à pandemia da COVID 19, o Campeonato da Europa de Futebol surgiu como uma autêntica lufada de ar fresco para o mundo da comunicação. Depois de mais de um ano em suspenso, todos querem surfar a onda do Euro 2020.

As primeiras marcas em destaque neste carrocel da comunicação são naturalmente os patrocinadores oficiais, a saber, Alipay, Booking.com, Coca Cola, FedEx, Gazprom, Heineken, Hisense, Qatar Airways, Takeaway.com, Tik Tok, Vivo e VW. Todas estas alternam nos diferentes suportes publicitários, desde os painéis digitais do estádio aos backdrops das conferências de imprensa. Será o investimento compensador? O episódio das Coca Colas de Cristiano Ronaldo dá que pensar. E aqui voltou a funcionar o poder das fake news, que deu como certas perdas na ordem dos quatro mil milhões de dólares em consequência da atitude de CR7 - o que acabou por se provar ser completamente falso. O rastilho foi ateado pelo jornal espanhol Marca, um título desportivo que desta vez chutou forte no campo económico - e todos foram atrás. O que ficou? A perceção de que de facto CR7 causou elevadas perdas à Coca Cola, essa foi a notícia forte. O seu desmentido, devidamente desmontado por especialistas já não gerou manchetes.

Em paralelo aos patrocinadores oficiais do Euro 2020, o consumidor é impactado com um sem número de marcas com forte sentido, digamos, patriótico. É a cerveja oficial da Seleção, que bebe Sagres, é a concorrente Super Bock que oferece a altura do Éder em caixas de cerveja. Depois, e para aproveitar bem o entusiasmo coletivo, aparecem as casas de apostas desportivas. Umas assumem não conseguir prever o futuro, outras mostram futebolistas com as cores nacionais a dar toques sobre águas cristalinas. Todas oferecem muitos bónus, créditos e jogadas grátis... É o mercado a mexer com uma avalanche de estímulos que promete continuar em breve com a chegada dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Gonçalo Bettencourt da Câmara, especialista em Comunicação Estratégica

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