Suspeita de falsificação ensombra divórcio milionário no Banif

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O já conturbado processo de divórcio entre Horácio Roque,

fundador do Banif, já falecido, e a sua ex-mulher, Fátima Roque,

tem um novo capítulo: uma suspeita de falsificação de um

procuração, a qual terá levado a uma falsa partilha de bens do

casal. De acordo com as alegações de Fátima Roque numa providência

cautelar que pediu, e conseguiu, o arrolamento de alguns bens, a sua

assinatura foi falsificada, em 2000, no acordo de partilha.

Esta alegação levou, em julho deste ano, o Tribunal da Relação

de Lisboa - instância que confirmou o arrolamento de alguns bens,

como ações da Rentipar, a holding pessoal de Horácio Roque - a

ordenar a remessa do processo, "atendendo à natureza ilícita e à

gravidade de alguns factos relatados no requerimento inicial", ao

Ministério Público para os "fins tidos por convenientes". Isto

é, se entender que há indícios suficientes, o Ministério Público

poderá abrir um inquérito-crime.

A denúncia dos advogados de Fátima Roque - Paulo de Almeida &

Associados - tem como alvo três colegas do escritório PLMJ: o

ex-ministro Nuno Morais Sarmento, Sónia Santos Viana e Maria Dulce

Aleixo (esta já não pertence ao escritório) que, entre 1999 e

2000, conduziram o processo de divórcio de Horácio e Fátima Roque.

No processo, consta uma procuração assinada por Fátima Roque,

outorgada a 13 de setembro de 2000 no Cartório Notarial de

Moscavide, a qual conferia poderes a Nuno Morais Sarmento para este

advogado, que também representava Horácio Roque, prosseguir com o

processo de divórcio do casal. Porém, Fátima Roque afirma que

"nunca outorgou a procuração", nem "nunca esteve" no tal

cartório em Moscavide.

"A chamada escritura de partilha foi preparada pela sociedade de

advogados M. Pereira, Sáragga Leal, Oliveira Martins, Júdice e

Associados" com base nas indicações dadas por Horácio Roque (ou

por pessoas da sua confiança) e sem que a requerente [Fátima Roque]

fosse consultada nos termos da partilha", lê-se no documento dos

advogados da Paulo de Almeida & Associados.

Confrontada com estes dados, a PLMJ disse ao DN não "comentar

assuntos relativos a clientes". Mas acrescentou que os serviços

prestados ao casal "não incluíram nada com procurações". Já

a advogada Maria Dulce Aleixo afirmou não estar, atualmente, na

posse de toda a informação sobre o processo para adiantar uma

resposta mais concreta. Ainda assim, a advogada disse que apenas

atuou em questões muito específicas no processo de divórcio.

Certo é que, a 12 de julho, o Tribunal da Relação de Lisboa

ordenou o arrolamento de vários bens de Horácio Roque, entre os

quais várias participações sociais. Fátima Roque, segundo

informações recolhidas pelo DN, já foi nomeada pelo tribunal como

cabeça de casal da herança indivisa do comendador, a qual terá

agora que ser partilhada com as filhas Teresa e Cristina Roque. Até

porque, como alegou Fátima Roque, em 2000, a partilha efetuada "nem

sequer abrangeu a totalidade dos bens da ação de divórcio, os

quais já de si constituíam uma ínfima parte do património comum

do casal". Na passada semana, fonte oficial do banco garantiu ao DN

que a decisão de arrolamento de bens em nada tem afetado a gestão

corrente da instituição.

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