A inovação é um círculo virtuoso gerador de riqueza que impulsiona o progresso económico e social através da criação de valor, novos mercados e soluções para problemas existentes. Portugal está atualmente a assistir a um crescimento evidente e promissor no ecossistema de empreendedorismo, abrindo horizontes para atrair mais capital financeiro e humano, permitindo assim aproveitar toda a inovação gerada num ciclo contínuo de desenvolvimento.
Em 2024, Portugal regista um aumento de 16% no número de startups, face ao ano anterior, alcançando 4719 empresas, segundo o relatório da IDC e Informa D&B. Estas startups demonstram um forte dinamismo, com uma vocação exportadora destacada: o volume de negócios atingiu os 2602 milhões de euros, dos quais 1502 milhões são provenientes das exportações – um valor três vezes superior à média do tecido empresarial nacional. O ecossistema empreendedor também se distingue pela média salarial, com remunerações de 2000 euros mensais, 72% acima da média nacional, e pela criação de 26 mil empregos.
Através da inovação, incentivar novas industrias e o desenvolvimento tecnológico é também dar condições para reter no País uma parte do talento que representa um investimento nacional na formação e na capacitação das novas gerações. E fazer regressar quem saiu à procura de melhor futuro, encontrando na inovação um motor não só do desenvolvimento do País, mas também desafiante do ponto de vista profissional.
Não é por acaso que muito norte-americanos que testemunham o fervilhar de criatividade neste ecossistema – e a abertura do país a muitas culturas diferentes – o comparam aos primeiros anos de Silicon Valley, o berço da tecnologia e da inovação do mundo moderno. A curiosidade pelo nosso país vai muito além do bom tempo, boas gentes e boa gastronomia. É de facto um mix entre talento, criatividade e inovação, com impacto social positivo, criação de emprego, maior produtividade e, claro, o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Acontece, porém, que temos de aprender a acelerar mais este crescimento e a não ter medo de elevar a marca “made in Portugal” a patamares de maior exigência na internacionalização, em escala e na capacidade de atrair mais financiamento. Temos de criar toda uma cultura à volta das scaleups.
A Web Summit, quanto mais não seja por isso, tem a capacidade de nos fazer olhar para dentro deste ecossistema nacional todos os anos por esta altura. É quando nos obriga a fazer contas – e, por tradição, obriga também o Governo a fazer sempre um novo anúncio que estimule a inovação. É certo que é uma agenda muito limitada, quer seja do ponto de vista da novidade que estes anúncios trazem – veja-se este ano a forma lacónica e algo atabalhoada como Luís Montenegro anunciou o LLM (Large Language Model) em português de Portugal, a que chamaram Amália –, quer seja pela sazonalidade. Enfim, gera algum buzz.
Mas regressemos aos números do crescimento das startups: são a maior das evidências de que este ecossistema, que está a crescer organicamente, merece ser estimulado mais amiúde.