TAP confirma que não irá devolver os 3,2 mil milhões de euros ao Estado

O CFO da companhia referiu esta manhã que o modelo de plano de reestruturação da TAP assinado com Bruxelas não prevê a devolução do montante injetado na transportadora, por se tratar de um modelo de conversão de capital.
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O ministro Pedro Nuno Santos já o tinha dito várias vezes e esta quarta-feira a administração da empresa confirmou. A TAP não irá devolver os 3,2 mil milhões de euros de ajudas do governo no âmbito do plano de reestruturação aprovado por Bruxelas, em 2021.

Questionado pelo Dinheiro Vivo sobre quando e como seria feita a devolução do montante cedido pelo Estado, o CFO da companhia esclareceu que esse cenário não está previsto no modelo do plano de reestruturação assinado entre a TAP e a Comissão Europeia.

"O nosso plano de reestruturação envolve injeções de capital, não é divida", respondeu Gonçalo Pires durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados trimestrais da TAP, durante esta manhã.

O administrador ressalva que "não se coloca a questão da devolução porque não há empréstimo".

"A primeira injeção de liquidez que foi feita na TAP foi sob a forma de empréstimo, de 1200 milhões de euros, convertível em capital quando o plano de reestruturação fosse aprovado. Quando isso aconteceu, o empréstimo converteu em capital porque todas as injeções de liquidez no plano são de capital. Ou seja, foi primeiro colocado em empréstimo e convertido em capital no final do ano passado, quando o plano foi aprovado", justificou.

"O Estado recupera o dinheiro se um dia vender a empresa. Vende esse capital e aí poderá ou não recuperar o dinheiro", concluiu.

O responsável confirmou ainda que a última ajuda do Estado irá chegar até dezembro, num cheque de 990 milhões de euros, conforme previsto no plano e definido no Orçamento do Estado de 2022.

Recorde-se que também o ministro das Infraestruturas e da Habitação chutou recentemente a questão da devolução do dinheiro emprestado à companhia.

"A TAP está a pagar aos portugueses desde o primeiro dia em que foi salva. Em passageiros, nas exportações, nas compras que faz, no apoio que dá ao turismo do país", respondeu o Pedro Nuno Santos num debate sobre a privatização da companhia.

Também o presidente do Conselho de Administração da TAP, Manuel Beja, disse em junho numa audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação que a TAP irá pagar o empréstimo ao Estado português de forma mais direta e menos direta e referiu que companhia irá repor o empréstimo "através dos impostos e da atividade económica e através do turismo" que a companhia gera ao país.

A TAP apresentou esta quarta-feira os resultados do terceiro trimestre e reportou lucros de 111,3 milhões de euros entre julho e setembro. O resultado líquido dos primeiros nove meses do ano continua em terreno negativo com 90,8 milhões de euros de prejuízos.

Notícia atualizada às 14h05 com novas declarações do CFO Gonçalo Pires, sobre as injeções de capital do Estado na TAP.

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