A administração da companhia aérea esteve reunida ontem à tarde e, como plano de contingência para a paralisação decretada pelo SPAC (Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil), resolveu apostar em força numa alteração das viagens. A ideia é semelhante à que tem sido seguida nas últimas semanas para mitigar os cancelamentos fruto do atraso dos aviões encomendados para o reforço do verão.
"A TAP informa os seus clientes com reserva válida para voos no dia 9 de agosto que podem, desde já, mudar sem custos adicionais a sua viagem para outra data dentro da validade do bilhete ou solicitar o respetivo reembolso, pedindo que para o efeito contactem a companhia ou o agente de viagens", indicou a companhia na sua página de Facebook, onde tem mais de 737 mil seguidores.
Fonte oficial da TAP garantiu ainda ao DN/Dinheiro Vivo que a greve não terá qualquer impacto no dia anterior e posterior ao decretado e, como tal, não haverá problema em antecipar ou atrasar a viagem por um dia, consoante a disponibilidade dos aviões.
O presidente do SPAC, Jaime Prieto, confirma que nestes dias não haverá quaisquer perturbações.
A necessidade de a empresa se preparar para o dia da greve já tinha sido assinalada ontem de manhã por Fernando Pinto, presidente da TAP: "O mais prudente, no caso da empresa, é preparar-se para a greve, preparar os passageiros e preservar a imagem", afirmou à margem da assinatura do protocolo que reintroduz serviços aéreos para a Guiné-Bissau.
No entanto, a greve dos pilotos será apenas mais um dia difícil no verão da TAP. A companhia aérea já cancelou 104 voos só na 1.ª quinzena de julho, contra os 250 cancelados entre janeiro e junho e tem tido vários atrasos e problemas técnicos - os mais recentes são a falha num motor e uma despressurização.
Os casos sucessivos levam a que a Direção-Geral do Consumidor esteja "a acompanhar com preocupação" a operação da TAP e lembre que a remarcação de voos é apenas uma das possíveis respostas aos passageiros. A legislação da União Europeia prevê também que seja prestada assistência, que inclui refeições, bebidas, duas comunicações e eventualmente hotel pago até à hora do próximo voo. Caso o voo não seja remarcado e o passageiro acabe por não o realizar, está também previsto um reembolso do valor do bilhete, em 7 dias. Com este pagamento vem também uma indemnização ao passageiro consoante a distância das viagens.
Cronologia da crise na TAP
Dezembro de 2013
Fernando Pinto anuncia orgulhosamente no YouTube a compra e seis aviões a chegar no verão. Os meses de calor, diz, serão um sucesso com mais reservas e novas rotas.
Maio de 2014
Os primeiros dois Airbus em segunda mão deviam chegar à companhia para o reforço do verão. Só chegou um e ficou preso na manutenção. A TAP continua à espera.
Junho de 2014
A TAP começa a fretar aviões a outras companhias e faz as contas aos problemas: no primeiro semestre fez 50 800 voos e cancelou 250. Boa média. Mas onde estão os aviões?
Julho de 2014
Só na 1ª quinzena são cancelados 104 voos. Fernando Pinto admite cancelar sete por semana. E há uma greve a 9 de agosto. Dos novos aviões, apenas se contam dois a voar.
Agosto de 2014
Ainda não chegou, mas na TAP já não se pensa em outra coisa: é o mês da entrega dos quatro aviões. Será tempo de acalmia? É, sem dúvida, altura de fazer contas.