TAP. Tripulantes entre 55 e 59 anos serão dos mais interessados em sair

Governo pediu autorização a Bruxelas para dar auxílio intercalar à TAP de até 463 milhões de euros.
Publicado a

O sindicato dos tripulantes da TAP vê com bons olhos o prolongamento até 24 de março do período de adesão a medidas voluntárias, como rescisões por mútuo acordo, reformas antecipadas e pré-reformas. Apesar de não conseguir quantificar para já o número de profissionais que pretende aderir, o sindicato nota que o processo tem suscitado muitas dúvidas e estima que a maioria dos tripulantes que pretenda sair tenha até 59 anos de idade, o que poderá significar rescisões por mútuo acordo.

A ajuda de Estado de 1200 milhões de euros, concedida em 2020, levou ao desenvolvimento de um plano de reestruturação, entregue em dezembro e que está a ser negociado como Bruxelas. O documento previa a saída de cerca de 2000 pessoas e cortes salariais acima dos 900 euros. Após negociação com os sindicatos, os cortes começam acima dos 1330 euros (exceto para os tripulantes que neste ano) e foram implementadas um conjunto de medidas de adesão voluntárias que fez cair o número de despedimentos para cerca de 800. A adesão a estes mecanismos deveria terminar este domingo, mas a companhia decidiu prolongar até 24 de março.

Henrique Louro Martins, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), defende, em declarações por escrito, que o prolongamento do prazo "faz todo o sentido".

E não tem dúvidas que o adiamento "deve se muito à insistência que o SNPVAC fez junto da TAP, pois o prazo inicial era muito curto". O líder sindical confessa que não tem ideia para já de quantos profissionais pretendem aderir mas garante "que temos recebido muitos pedidos de ajuda". "O processo tem suscitado várias dúvidas, nomeadamente quanto às contas com a Segurança Social. É nossa opinião que tudo isto devia ter começado mais cedo, como aliás a própria TAP prometeu", acrescenta.

Apesar de não conseguir quantificar, Henrique Louro Martins não esconde que "os colegas que pretendem aderir estão na faixa etária dos 55/59 anos, com uma média de 33 /35 anos de companhia". A idade da reforma para os tripulantes de cabine é aos 66 anos. Os profissionais que pretendam deixar a companhia e tenham até 59 anos podem estar a negociar rescisões por mútuo acordo.

Os pilotos, através do seu sindicato, também já criticaram o plano de adesão a medidas voluntárias. "O programa encontra-se mal estruturado, revela deficiências de informação e é absolutamente opaco", dizem.

Auxílio intercalar

O governo apresentou formalmente à Comissão Europeia uma notificação para poder prestar um apoio financeiro intercalar à TAP que pode chegar, no máximo, aos 463 milhões de euros. Este pedido surge para permitir à companhia suprir as necessidades de tesouraria enquanto Bruxelas não dá luz verde ao plano de reestruturação, algo que só deverá acontecer no próximo mês de abril.

Apesar de a companhia aérea "se encontrar em assistência ao abrigo do auxílio de Emergência e Reestruturação, no âmbito da negociação do Plano de Reestruturação entre Portugal e a Comissão Europeia, foi aceite que pudesse ser notificado um auxílio num montante máximo de 463 milhões de euros.

A ser aprovado, este montante reduzirá as necessidades de tesouraria para 2021 que constavam do Plano de Reestruturação". O Executivo espera que este apoio financeiro receba luz verde de Bruxelas "brevemente".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt