Passaram-se seis meses desde o início do ano letivo 2021/2022. A escola foi uma das áreas onde mais se sentiram os efeitos da pandemia, com confinamentos, fecho de estabelecimentos, distanciamento social e telescola. Podemos aprender muitas lições a partir daqui e uma delas é, hoje, clara: a tecnologia pode desempenhar um papel essencial para uma melhor educação.
A realidade trouxe dificuldades na aprendizagem e acentuou as desigualdades sociais. Segundo dados da UNICEF, a crise global da aprendizagem pode levar a uma perda de 17 triliões de dólares em ganhos ao longo da vida da atual geração de estudantes, em resultado do encerramento das escolas. Trata-se do equivalente a 14% do PIB global atual.
Em setembro de 2021, foi implementado o Plano 21/23 Escola+, com o objetivo de promover a recuperação das aprendizagens dos alunos dos ensinos básico (desde o pré-escolar) e secundário prejudicadas pelas medidas de combate à pandemia de COVID-19, procurando garantir que ninguém fica para trás. Mas como pode a tecnologia ser uma ferramenta importante da escola na recuperação das aprendizagens? Na verdade, pode desempenhar um papel particularmente relevante, apoiando, de forma efetiva, em várias partes do processo do plano de recuperação de aprendizagens.
Através da tecnologia, é possível criar soluções complementares ou alternativas ao ensino, bem como um plano de desenvolvimento personalizado vs o currículo utilizado por qualquer escola, em qualquer valência de ensino. Tendo acesso a indicadores, conseguimos medir o conhecimento atual de cada aluno ou cada grupo de alunos, podendo facilmente construir um plano de recuperação personalizado - e tudo isto com o apoio de plataformas digitais.
É de conhecimento geral que a ligação entre escolas-famílias é um bom indicador no sucesso académico e na vida em geral para as crianças e adolescentes. Ao criarmos pontes, comunicamos mais e envolvemos as famílias nos processos educativos, melhoramos relacionamentos escola-família, melhoramos a confiança e contribuímos para a inclusão entre todos os atores educacionais, com uma melhoria do processo de aprendizagem e do sucesso académico.
Além disso, estamos a contribuir para uma melhoria de um equilíbrio emocional dos nossos professores, que não deve ser, de todo, descurado. As plataformas digitais adaptadas ao ensino ajudam na gestão de uma série de processos e fazem educadores e professores poupar tempo num conjunto de tarefas. Desta forma, ficam com mais tempo para inovar, para debater entre pares de como fazer diferente no seu dia a dia. Os alunos podem utilizar um conjunto de funcionalidades para interagir com os colegas ou professores na realização de trabalhos de grupo, implementar o jornal da escola e um conjunto de outras atividades divertidas que vão ajudar não somente a recuperar aprendizagens, mas também a desenvolver as competências do séc. XXI.
De referir, ainda, a importância do networking, num contexto em que é essencial a partilha de conhecimento. Só assim a nossa educação conseguirá chegar mais além. E também aqui as plataformas digitais têm um papel muito importante, podendo apoiar em muito as nossas escolas.
Algumas instituições de ensino em Portugal já estão a tirar partido do que a tecnologia tem para oferecer, numa tendência que ganha cada vez mais força internacionalmente, devido às provas dadas no papel fulcral da tecnologia para a recuperação de aprendizagens. Mais do que eficaz, pode também tornar essa recuperação leve e divertida. No final, ganhamos todos, incluindo as nossas crianças e adolescentes, que se sentem mais envolvidos.
Filipa Lemos Cristina, Country Manager da Kinderpedia em Portugal