A cafeína é um composto químico que se apresenta como um pó branco e é a droga mais consumida no globo. Com moderação, esta droga faz-nos sentir bem mas a sua força é muitas vezes subestimada: sabia que é necessário ingerir 50 chávenas de café de uma só vez - ou 200 chávenas de chá - para se aproximar de um nível letal de cafeína no organismo?
Em 2010, um jovem de 23 anos de idade ingeriu duas colheres de pó de cafeína que tinha comprado online junto com uma bebida energética. Começou por não conseguir falar, depois vomitou, desmaiou e, por fim, faleceu. Segundo o jornal britânico 'The Guardian', é provável que ele tenha consumido mais de 5g de cafeína e foi essa a causa da sua morte.
Qual é a quantidade média de cafeína que as pessoas consomem diariamente? Provavelmente já está a pensar em quantas chávenas de café bebe por dia, certo?
A verdade, é que essa medida é insuficiente dado que a quantidade de cafeína presente numa chávena de café pode variar devido a vários fatores, entre eles, o tamanho da chávena.
Não é fácil saber a quantidade de cafeína que está presente na sua chávena de café. O toxicólogo forense Bruce Goldberger analisou o conteúdo de bebidas de café e publicou os resultados em 2003. Bruce Goldberg e a sua equipa encontraram grandes diferenças de cafeína não só entre marcas de café, como também entre cafés da mesma loja. Durante seis dias consecutivos, Goldberg fez sempre o mesmo pedido, num copo de 480 ml, numa loja Starbucks. O copo com a menor quantidade de cafeína tinha 260 mg. Outro tinha mais do dobro e outro ainda tinha 564 mg!
Noutro estudo publicado em 2012, o investigador escocês, Thomas Crozier, e a sua equipa, compraram 20 expressos e descobriram que a concentração de cafeína variava entre 56 mg e 196 mg por cada 28 ml. No entanto, em quatro deles, a concentração era de mais de 200 mg.
Estes dois estudos ajudam a responder a uma pergunta comum dos consumidores de café: por que é que há dias em que uma chávena de café o desperta, noutros não é suficiente para afastar o sono e ainda noutras ocasiões o deixa nervoso e ansioso? Precisamente porque os níveis de cafeína no café variam drasticamente, dependendo das condições de crescimento naturais, da variedade da planta e da intensidade da fermentação.
O investigador de drogas, Roland Griffiths, confessa que "a cafeína é talvez o composto mais fascinante, porque é claramente psicoativa. No entanto, é culturalmente aceite em todo o mundo, ou quase todo o mundo."
"Embora a cafeína não seja considerada uma droga de abuso, tem todas as caraterísticas de uma", acrescenta o investigador, pois "altera o humor, causa dependência física e uma grande parte da população é dependente dela".
A Coca-Cola, por exemplo, deve o seu sucesso à cafeína, dado que a sua fórmula inicial continha 80 mg numa porção de 250 ml. Mas desengane-se se pensa que só a Coca-Cola usou este truque: a nova geração de bebidas energéticas também o usa atualmente. É o caso da Monster, que em 2011 superou a Red Bull em vendas de bebidas energéticas nos Estados Unidos, de acordo com a Beverage Digest.
Qualquer um de nós que consome cafeína pode eventualmente experimentar de uma forma mais forte a sensação de um coração a bater. No entanto, um pouco mais de cafeína não é razão para se preocupar, mesmo em pessoas com arritmias.
"Na maioria dos paciente com arritmia conhecida ou suspeita, a cafeína em doses moderadas é bem tolerada e não há razão para restringir a sua ingestão", defende uma publicação do 'American Journal of Medicine' em 2011. Por outro lado, pesquisas mais recentes associam o café e os ataques cardíacos não fatais em pessoas com predisposição genética para metabolizar a cafeína de forma lenta.
"Se uma dose de 240 mg de cafeína pudesse matar um pessoa , então a Starbucks teria visto já algumas mortes por causa do seu café, que podem conter essa quantidade numa chávena de 350 ml ou 500 ml", afirma o jornalista do 'The Guardian', Murray Carpenter.
Se está a começar a ficar preocupado com a quantidade de cafeína que consome diariamente, não é preciso grande preocupação. Talvez possa considerar a diminuição das chávenas de café que ingere e tentar ter mais horas de sono. Afinal, em relação à cafeína, como em tudo o que existe, a palavra que se impõe é: moderação.