Início de ano é tempo de balanço. Também na política, de mais a mais quando findou este ciclo de governo da geringonça..No período de 2016 a 2020, para o qual há estatísticas europeias ultimadas, o PIB per capita português em termos de paridade de poder de compra foi perdendo posições em relação à generalidade das economias. Dos países do alargamento, os que já se encontravam à nossa frente mais se distanciaram, e os restantes com a exceção da Eslováquia ou nos passaram ou aproximaram-se de nós. Destes últimos, a Roménia recuperou 16 pontos percentuais em relação a Portugal, a Lituânia 12, a Estónia dez, Letónia, Polónia e Bulgária oito, a Hungria seis e a Croácia cinco..Mais se confirma esta tendência com o histórico dos últimos três anos, de 2018 a 2020, divulgado pelo Eurostat. Dos 13 países do alargamento, Portugal foi um dos três que regrediram em relação à média europeia, enquanto nove se aproximaram e um conservou a posição..Tendo-se mantido as políticas, não admira que as últimas projeções da Comissão Europeia para 2023 antevejam situação pior no futuro. A economia portuguesa é apresentada como a penúltima com pior recuperação e crescimento abaixo da média europeia, apenas acima da espanhola - curiosamente economias dos dois países com governos suportados por forças de extrema-esquerda, inimigas da economia de mercado, base do avanço económico europeu..Atribuem uns a culpa ao euro; contudo, se a disciplina do euro não inibiu políticas orçamentais erradas, para mais privilegiando o consumo em vez do investimento, pior seria se os governantes pudessem utilizar a política monetária. Aliás, o euro não impediu outros países de ganhar posições a Portugal..Conviria pois refletir se os maus resultados não se devem a políticas públicas erradas, logo com base no consumo e não na produção, a um condicionamento industrial burocrático que aborta ou retarda licenciamentos, tolhe iniciativa e investimento, a uma fiscalidade ao serviço da receita e não da economia, a serviços públicos ineficientes, a uma justiça morosa e atentatória da concorrência, a uma política energética extremista e lesiva da competitividade, no final, a uma cultura estatista e anti-empreendorismo..Em tempo de balanço e olhando o futuro, só mesmo alterando políticas se podem esperar melhores resultados..Economista