Na página 71 da “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030”, de António Costa Silva, referem-se cinco condições de base relacionadas com a concretização dos eixos estratégicos e dos objetivos do documento. Não são temas novos para Portugal - vão de uma administração pública que responda aos novos desafios ao correto uso dos recursos financeiros.
Se não são uma novidade porque é que o autor as refere? Porque é relevante relembrar que sem efetiva colaboração e uma relação transparente entre Estado, empresas e cidadãos não existe visão estratégica que possa ser cumprida. Esse é, provavelmente, o maior desafio que o documento nos deixa e que merece uma séria reflexão de quem tem como missão mobilizar a sociedade para enfrentar tempos difíceis, mas não impossíveis de ultrapassar.
Na sociedade pós-pandemia o Estado terá de ser uma referência importante, mas sem o dinamismo, o conhecimento e o empenho de empreendedores, gestores e cidadãos não se consegue mobilizar um país, a sociedade. O que Portugal tem pela frente é talvez a última grande oportunidade para dar definitivamente o salto em direção à sustentabilidade, à sociedade do conhecimento, da coesão, da economia dos dados, do aproveitamento social de tudo que são ferramentas digitais, da maior justiça social e económica e ambiental.
Uma sociedade onde os temas da economia circular e da neutralidade carbónica serão trave mestra da organização social e económica do pós-pandemia. Empresas e Estado terão um papel fundamental na sua concretização. Às primeiras pede-se inovação, responsabilização, colaboração, talento e envolvimento social. Ao segundo, estabilidade a todos os níveis, do fiscal ao político, regras claras e simples e valorização da atividade das empresas e seu papel enquanto dinamizadores da economia, do emprego e da promoção do talento.
CEO da Sociedade Ponto Verde