Terminal de cruzeiros reinventa-se para a retoma turística

A crise no turismo afetou a operação da APDL. Os cruzeiros deixaram de atracar em Leixões. No Douro, a quebra no número de passageiros é histórica.
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O terminal de cruzeiros do porto de Leixões é mais uma das infraestruturas turísticas do país atingida pela crise pandémica. No ano passado, eram esperados cerca de 150 mil passageiros, mas acabaram por desembarcar apenas 6500. "As escalas foram todas canceladas e neste ano vamos pelo mesmo caminho", diz Nuno Araújo, presidente da APDL - Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo. Na sua opinião, é difícil prever quando haverá uma retoma deste setor, até porque "as pessoas ainda guardam na memória as imagens dos navios com centenas de passageiros impedidos de desembarcar" devido aos surtos de covid-19. "A pandemia abalou o setor, é possível que a indústria de cruzeiros vá reajustar a oferta e a dimensão das embarcações, e tudo isso irá impactar no negócio da APDL", sublinha.

Neste cenário, Nuno Araújo está a trabalhar para encontrar outras soluções para o espaço, em funcionamento há uma década e cujo investimento atingiu os 50 milhões de euros. Como adianta, "a APDL é muito mais que contentores e carga". No final do ano passado, a empresa portuária anunciou o arranque do restauro do Titan de Leixões, o gigante guindaste de ferro construído em 1888 para suportar a construção do porto de Leixões. O projeto, orçado em dois milhões de euros e que deverá estar concluído no verão, irá criar mais um ponto de atração turística na zona do terminal de cruzeiros, já que estará disponível para visitas. Nuno Araújo está também a estudar a possibilidade de exibir uma parte significativa do património industrial da APDL no edifício de acesso ao terminal. Como sublinha, "é preciso dar um uso diferente ao terminal se não houver retoma do turismo de cruzeiros", até porque - lembra - os custos de manutenção são elevados.

O número de passageiros na Via Navegável do Douro (VND) caiu no ano passado de forma drástica. Depois do recorde de 1,6 milhões de turistas registado em 2019, o rio Douro contabilizou pouco mais de 226 mil passageiros em 2020, uma queda de 86,2% face ao exercício transato. Segundo a APDL, responsável pela jurisdição da VND, os pequenos cruzeiros dentro da albufeira foram os que mais sentiram a quebra do número de turistas derivada da pandemia. No ano passado, apenas 174 940 pessoas contrataram este serviço, uma descida de 86,9% face a 2019, quando mais de 1,3 milhões de pessoas usufruíram deste produto turístico. Em termos de segmento, foram os navios hotel que apresentaram a maior queda, tendo transportado pouco mais de 5200 passageiros, menos 94,7%. Os cruzeiros de um dia foram procurados por 36 174 turistas, menos 81,7% do que em 2019.

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