O lançamento surge num momento em que a pandemia colocou ainda mais na ordem do dia as preocupações com a saúde dos consumidores. Eduardo Vasconcelos, diretor de compras da Bel Portugal, acredita que vai dar o impulso necessário para o crescimento do segmento biológico no mercado nacional.
A empresa fechou o ano passado com 103 milhões de euros de faturação, uma subida de 2% face ao ano anterior.
A pandemia aumentaram vendas dos produtos bio nos super. Acabam de lançar o Terra Nostra de pastagem biológico. Quais as expectativas de venda?
É um lançamento que faz todo o sentido na Terra Nostra, dando continuidade ao caminho de sustentabilidade a ser trilhado há vários anos na marca. Apesar do mercado de produtos Biológicos em Portugal ser ainda um nicho representa uma visão de futuro, promovendo uma agricultura regenerativa que salvaguarda os recursos naturais da Terra. Em termos de consumidor, é verdade que existe uma procura crescente por produtos mais naturais e sustentáveis, e nesse sentido o Terra Nostra Biológico apresenta-se como uma solução relevante para ambas as tendências. O segmento de Leite Biológico tem um peso relativamente pequeno (peso inferior a 1%), mas tem apresentado crescimentos dinâmicos de duplo dígito. A entrada de Terra Nostra vai ser determinante para o desenvolvimento e crescimento deste segmento em Portugal, o qual estimamos que poderá duplicar no curto prazo. Já em queijo, Terra Nostra é o pioneiro no lançamento de fatias biológicas. Vamos trabalhar para democratizar o Biológico em Portugal. O biológico será o standard do amanhã, pelo método que incorpora de produção sustentável e responsável.
Saúde é um tema eleito pelos consumidores nacionais - e não só - para 2021. Está previsto algum aumento da linha Bio na vossa oferta? O que poderá vir a representar nos vossos resultados este tipo de produto?
É verdade, se a saúde é um tema eleito pelos consumidores, sabemos que os métodos de produção têm ganho protagonismo e o Biológico de Terra Nostra é o expoente máximo de naturalidade e sustentabilidade, já que promove a pastagem 365 dias, e resulta de um processo de dois anos de conversão dos solos e preparação de Produtores Certificados, sem pesticidas ou fertilizantes sintéticos. E não queremos parar por aqui. Temos a ambição de ser uma referência em sustentabilidade e continuaremos a trabalhar para poder entregar o melhor ao consumidor. Ainda é prematuro falar em termos representativos, mas estamos conscientes de que tem sido um produto procurado e, por isso, esperamos conquistar o nosso posicionamento também nesse segmento.
CitaçãocitacaoO biológico será o standard do amanhãesquerda
Que investimento ao nível da produção e da fábrica esta aposta implicou?
Estamos a falar de um método de produção que respeita o ciclo natural das plantas e dos solos e protege a biodiversidade, contribuindo para a preservação do ecossistema e a sustentabilidade da ilha. Um trabalho que teve início em 2019 com a preparação de solos e conversão de produtores para o método biológico, e que em termos de investimentos, seja em termos fabris, nos nossos produtores e na valorização do leite Bio desde o início da conversão dos solos até ao seu lançamento, rondam os 800 mil euros.
O lançamento segue-se ao programa Vacas Felizes. Depois do investimento inicial de 5 milhões de euros, que outros investimentos já implicou? Há mais previstos?
O nosso programa de cooperação com os nossos produtores de leite é já um case study a nível internacional. O Programa Leite de Vacas Felizes iniciou-se com 30 produtores, hoje já conta com um total de 160 produtores certificados, que garantem a pastagem 365 dias por ano com uma alimentação à base de erva fresca, com os mais rigorosos critérios de bem-estar animal e sustentabilidade. Além dos 5 milhões de euros de investimento inicial, todos os produtores de Terra Nostra são certificados por uma entidade externa e recebem um prémio anual pela aplicação das melhores práticas, que totaliza 1,6 milhões ano, promovendo não só a sua qualificação e preparação para o futuro, mas assegurando também a sua sustentabilidade futura.
Também a fábrica dos Açores tem sido alvo de investimentos consistentes priorizando métodos de produção o mais naturais e sustentáveis possível; a título de exemplo, entre 2020 e 2021 foram investidos mais de 2 milhões de euros na fábrica dos Açores e prevemos nos próximos dois anos um investimento superior a 3 milhões, com foco em medidas que nos permitam uma redução significativa da pegada de carbono. Estes investimentos fazem todo o sentido na estratégia de valorização e missão da marca Terra Nostra.
Em janeiro de 2019, havia planos de exportação da Terra Nostra para mercados como China, Itália e estados do Golfe Pérsico. Como está este processo? Qual o peso da exportação nos resultados da companhia? Para que mercados exportam? Há algum novo?
A exportação de produtos Terra Nostra é ainda pouco expressiva dentro do grupo e durante 2020 aproximou-se dos 2%, sublinhando que a situação pandémica que temos vivido no último ano resultou em algum atraso neste ponto, mas que esperamos reverter.
CitaçãocitacaoPrevemos nos próximos dois anos um investimento superior a 3 milhões na fábrica dos Açores, com foco em medidas que nos permitam uma redução significativa da pegada de carbonoesquerda
O ano passado, venda de laticínios subiu 5,7%, segundo dados da APED. Qual o impacto nos produtos Bel? Houve ganhos de quota de mercado?
Em 2020, a Bel Portugal registou com as suas principais marcas um volume de faturação superior a 103 milhões de euros, um crescimento superior a 2% em comparação com o ano anterior. No caso de Terra Nostra, esta é a 5.ª marca mais comprada em Bens de Grande Consumo, estando presente em 3 grandes categorias: queijo, leite e manteiga (fonte: Kantar), em 2020, com um volume total de vendas superior a 45 milhões de euros. Já em termos de quota de mercado, a Bel é a principal empresa do mercado de queijo em Portugal, tendo concluído o ano de 2020 com uma quota de mercado em valor de 21,8%, com 4 marcas no ranking das 5 maiores marcas de queijo em Portugal: Limiano, a marca líder com 8,6% de quota, seguido de Terra Nostra com 7,8%, A Vaca que Ri com 2,6% e Babybel com 2,5%. Mas, mais do que quotas de mercado, procuramos trazer valor para o consumidor e para o mercado em geral a médio e longo prazo, contribuindo para o crescimento sustentável do mercado (Fonte: AC Nielsen).
E quais as estimativas para este ano? Que linhas de produto antecipam maior crescimento?
2020 foi um ano atípico que, pelos constrangimentos no consumo fora de casa, acabou por beneficiar os produtos e marcas mais direcionados para consumo em casa. Para 2021, estimamos e estamos a torcer para que regressemos a alguma normalidade, com um maior equilíbrio de consumo em casa vs fora de casa, nesse sentido, prevemos que soluções que sejam práticas de consumir fora de casa e em simultâneo nutritivas, nomeadamente, o segmento de snacking, volte a ganhar força. E esta é uma das nossas grandes apostas, continuar a reforçar as nossas marcas de snacking A Vaca que Ri, Babybel e GoGo SqueeZ, lançando também nas marcas locais, Limiano e Terra Nostra, um novo conceito de snacking completamente inovador em Portugal. Vamos também continuar a apostar na naturalidade e em modelos de produção mais sustentáveis, onde o lançamento do Terra Nostra Biológico tem um papel importante no desenvolvimento e democratização do Bio em Portugal.
CitaçãocitacaoEm Portugal, o segmento de snacking de queijo ainda vale cerca de 6% de quota de mercado, mas com enorme potencial de crescimentoesquerda
Têm apostado na inovação de produto como snacks de queijo. Qual o ritmo de inovação de produto previsto para 2021? Que montante do investimento alocam a inovação?
A inovação é um fator-chave na estratégia de crescimento da Bel Portugal para continuar a liderar tendências de mercado. De facto, há cada vez maior procura por snacks saudáveis onde os consumidores procuram produtos com sabor, privilegiando a conveniência, sem abdicar de uma nutrição equilibrada. Em Portugal, o segmento de snacking de queijo ainda vale cerca de 6% de quota de mercado, mas com enorme potencial de crescimento. Recentemente, com Terra Nostra Snack e Limiano Pausa foram investidos um total de 1,5 milhões de euros e esperamos a prazo contribuir para um crescimento de mais 20% do segmento de Snacking de queijo.
Como estão a correr vendas até ao momento?
Vemos 2021 com grande otimismo, acreditamos que vamos cumprir as expectativas de crescimento em todas as marcas. Temos um ano robusto em termos de inovação e comunicação, com vários projetos que ainda irão ganhar vida durante 2021. Pretendemos continuar a ser uma referência na produção de produtos de excelência, como são o queijo, o leite e a manteiga, e uma referência na sustentabilidade e responsabilidade social.