
Experimentar, amadurecer e evoluir produtos e serviços com recurso a laboratórios, competências e infraestrutura nem sempre é simples quando os projetos nascem de PME ou startups que, pela sua dimensão ou por estarem a iniciar o seu percurso empresarial, não têm capacidade financeira e operacional para dar este passo.
Para ajudar a acelerar a concretização de ideias que, de outra forma, teriam mais dificuldade em chegar ao mercado, está a ser criada a Rede Nacional de Test Beds, uma iniciativa integrada no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que conta com uma dotação financeira de 150 milhões de euros, e com 30 test beds já selecionadas. A ambição é que os 30 consórcios desenvolvam, até ao terceiro trimestre de 2025, um total de 2415 produtos-piloto.
É neste contexto que surge o ACTIVE+, consórcio liderado pela Active Space Technologies (AST), e que tem como copromotores as empresas Active Aerogels, Bel e-Power, Bel R&D, Inovaworks e VASP. Este projeto está inserido na Rede Nacional de Test Beds, na Componente Empresas 4.0 do PRR, e conta com um montante total de investimento elegível superior a seis milhões de euros, sendo o incentivo aprovado de três milhões e duzentos mil euros. “O programa das test beds permite não apenas o acesso a infraestruturas, como oferece às startups e PME descontos muito agressivos que as beneficiam e muitas vezes viabilizam o projeto”, explica Hugo José Pinto, CEO da Inovaworks.
Capacitado para dar apoio em áreas de atividade tão diversas como a Infraestrutura do Espaço, smart cities e logística, big data, energia, cibersegurança, sistemas elétricos e eletrónicos, gabinete de propriedade intelectual, ou fabrico multifuncional para a indústria, o ACTIVE + visa tirar partido da complementaridade de áreas das empresas que o constituem.
Ao contrário de outros test beds que se focam em suportar as necessidades de um cluster industrial específico, o ACTIVE+ pretende ser uma plataforma aberta de experimentação e amadurecimento, como sublinha Hugo Pinto. “Usamos muitas vezes a metáfora de uma Loja do Cidadão da inovação para empresas que necessitem de suportar os seus produtos e serviços em desenvolvimento com recursos de inteligência artificial, infraestruturas de fabrico em condições controladas como salas limpas e laboratórios de eletrónica, plataformas logísticas em cidade, armazém e mobilidade para experimentação de algoritmos inovadores, e sistemas de energia off-grid para a mobilidade elétrica, por exemplo”.
Descontos são vantagem para PME
Independentemente do setor de atividade, qualquer startup ou PME - nacional ou internacional - pode aceder aos serviços do ACTIVE + para testar e amadurecer os seus produtos e serviços. “Basta que tenham certificação PME ativa para beneficiar dos descontos do programa de test beds”, explica o CEO da Inovaworks. Aliás, como refere o porta-voz do consórcio, as PME e startups participantes recebem descontos “muito expressivos”, que podem chegar a 100%, e que no caso do ACTIVE + são sempre superiores a 60% em todos os produtos e serviços da infraestrutura do TestBed. Por exemplo, diz Hugo Pinto, “uma sala limpa - das que vemos nos documentários de preparação de materiais para lançamento para o espaço - que custaria normalmente largas centenas de euros por hora de utilização - pode ser utilizada por poucas dezenas de euros”. O mesmo acontece, exemplifica, nos custos com um especialista de inteligência artificial para ajudar a testar e resolver um problema complexo. “Estes descontos constituem um incentivo financeiro que pode ir, em limite, até 200 mil euros de desconto por cada empresa - o que é muito expressivo”, salienta.
As expectativas dos responsáveis pelo consórcio são, para já, muito positivas. Para o futuro próximo, as copromotoras já se encontram a preparar projetos em conjunto com empresas que contactaram a test bed e que cumprem os requisitos para esta aventura colaborativa. “São pequenos players, beneficiam realmente da nossa ajuda, e ficamos muito felizes de poder viabilizar e amadurecer ideias que de outra forma seriam colocadas em risco por dificuldade no acesso aos meios”, revela Hugo Pinto.