É economista, é francês, leciona na
Escola de Economia de Paris e teria provavelmente permanecido
desconhecido fora dos meios académicos mais restritos não fosse o
seu livro "Capital in Twenty-first Century" (Capital no Século
XXI) se ter tornado em poucos dias num best-seller nos Estados Unidos
catapultando-o para a ribalta do sucesso mediático em todo o mundo.
Em 685 páginas que contam a história
do capitalismo nos últimos 200 anos, com dados concretos e
estatísticos, Thomas Piketty defende que este sistema económico
cria um caminho só de ida em direção a desigualdades
insustentáveis e à injustiça social, desmontando o mito de que
esforço, trabalho, competência e criatividade chegam para
enriquecer quem não nasceu rico.
Para este economista, o crescente
aumento das desigualdades conduzirá o capitalismo ao seu próprio
colapso, a menos que se faça alguma coisa para inverter esta
tendência. A solução apontada é taxar duramente os mais ricos,
propondo a aplicação de um imposto de 80% sobre os rendimentos
acima dos 500 mil dólares anuais (nos EUA).O livro já tinha sido publicado há um
ano em França, mas não recebeu muita atenção. Nos Estados
Unidos, com a polémica sobre as desigualdades na ordem o dia, a
edição americana, publicada em março, tornou-se de imediato número
um em vendas no site da Amazon.Nascido em Clichy, perto de Paris, a 7
de maio de 1971, ainda no rescaldo dos motins de 1968 onde os pais
tinham tomado parte ativa, cresceu com os modelos intelectuais em
voga na época - historiadores e filósofos da esquerda francesa -,
mas foi a matemática e a economia que escolheu para o seu percurso
académico na École Normale Supérieure.Aos 22 anos, doutorou-se com uma tese
sobre a redistribuição de riqueza, que escreveu na Escola de Altos
Estudos em Ciências Sociais de Paris e na Escola de Economia de
Londres, e mudou-se para os Estados Unidos para ensinar no Massachussetts Institute of Technology
(MIT), onde ficou três anos como professor assistente no
departamento de Economia.Desapontado com o trabalho dos
economistas americanos, regressou a Paris, para ficar, ingressando no
Centro Nacional de Pesquisa Científica, como pesquisador, e
tornando-se, cinco anos mais tarde, diretor de estudos da Escola de
Altos Estudos em Ciências Sociais e depois (2006) no primeiro
diretor da Escola de Economia de Paris, que ajudou a criar. Um
projeto que só interrompeu para apoiar, como assessor económico, a
campanha presidencial de Ségolène Royal nas eleições de 2007,
perdidas para Nicolas Sarkozy.Em 2002, então com 31 anos, ganhou o
prémio para melhor jovem economista em França. Os problemas
económicos do mundo, os meandros da renda e da riqueza, as
desigualdades, com os rendimentos do capital a crescerem mais
rapidamente do que os do trabalho, foram temas que nunca mais o
abandonaram, tendo dedicado as duas últimas décadas a estudá-los,
estendendo as suas pesquisas a outros países para além da França e
dos Estados Unidos com a ajuda de outros pesquisadores, como Emmanuel
Saez Isso.