A TPS - Teixeira, Pinto & Soares quer chegar a 2025 a registar um volume de negócios de 100 milhões de euros. Para atingir essa meta, a construtora definiu uma estratégia assente na concentração da atividade em três zonas do país - Norte, Grande Lisboa e Algarve -, e no crescimento da marca no segmento das obras privadas. A empresa de Amarante quer ganhar dimensão no mercado nacional, onde vislumbra boas oportunidades, e entrar em novos negócios, como o das residências universitárias, através da holding que agrega as participadas da família Soares. Como sublinha o presidente executivo, Bruno Soares: "Começou uma nova TPS".
Passados 25 anos da sua constituição, uma boa parte marcada pela crise económico-financeira que assolou o país e que teve efeitos severos no setor da construção, a TPS quer afirmar-se como uma empresa de construção civil, com capacidades técnicas e operacionais para executar obras como hospitais, escolas, centros de saúde e de cuidados continuados, habitação social e privada, entre outras empreitadas. Afinal, conseguiu passar incólume aos anos críticos da recessão, que levou à falência muitas construtoras - não sem dificuldades, como aponta Bruno Soares -, criar e cimentar uma estrutura produtiva e ganhar fôlego para implementar metas para o futuro. Os dinheiros da bazuca são também uma oportunidade.
Nestes anos, a TPS passou de uma pequena empresa de obras privadas em Amarante para uma construtora que exibe no seu portefólio empreitadas públicas e privadas tão díspares como a reabilitação dos teatros Luís de Camões, em Lisboa, e Garcia de Resende, em Évora, remodelação e ampliação do bloco operatório do IPO de Lisboa, a construção da unidade de saúde de Benfica, a requalificação da Escola Secundária Gago Coutinho, em Alverca, a recuperação de um edifício no largo de Camões, em Lisboa, para albergar um hotel, a edificação de vários projetos residenciais, entre outras. "Em 2013, éramos uma empresa pequena, com custos de estrutura baixos, o que permitiu passar a crise" e, por essa altura, a oferta do mercado assentava praticamente em obras públicas, quase não havia investimento privado, lembra Bruno Soares.
O contexto levou a empresa a apostar na abertura de um escritório em Lisboa e a olhar com atenção os concursos públicos das autarquias da região. "As câmaras de Lisboa, Cascais, Sintra... têm grandes orçamentos. Lá há mais dinheiro público e privado". A visão mostrou-se acertada. Atualmente, a Grande Lisboa é o maior mercado da TPS. E a experiência obtida deu-lhes ânimo para também começar a concorrer aos concursos públicos no Norte. Aliás, a TPS acaba de entregar à Câmara do Porto o reabilitado Cinema da Batalha, edifício icónico do Porto que abrirá portas à cidade na próxima sexta-feira, após uma intervenção de nove milhões de euros, que devido à complexidade e vicissitudes encontradas demorou cerca de três anos a executar.
É, portanto, em Lisboa, região que este ano vai gerar 70% da faturação da empresa e onde concentra metade dos 150 profissionais que emprega, e no segmento das obras públicas, responsável por 75% da atividade, que a TPS tem ganho fôlego. Sem querer descurar esta realidade, Bruno Soares lançou-se agora para o Algarve, onde em setembro instalou um estaleiro, dando assim prossecução ao plano de negócios e à aposta no crescimento na vertente privada. Como explica, "até 2019, fazíamos obras em todo o país, mas em termos logísticos e de custos era terrível. Definimos que era no Norte, Lisboa e Algarve que queríamos crescer e consolidar". E no sul estão já a construir para o grupo francês Nexity um edifício residencial para seniores, orçado em 23 milhões, e vão arrancar em janeiro com a construção de um aeródromo em Tavira, no valor de três milhões.
Este ano, a TPS prevê registar uma faturação da ordem dos 46 milhões de euros, estimativa que a concretizar-se significará um crescimento de 28% face a 2021. Bruno Soares frisa que as contas apontam para a geração de um EBITDA (resultados antes impostos, juros, depreciações e amortizações) sobre as vendas de 7%. As obras públicas irão pesar 25% no atual exercício, mas o objetivo delineado até 2025 passa por aumentar o seu contributo para 40%. As perspetivas no horizonte são animadoras, sustentadas numa carteira de obras de 130 milhões, revela o gestor, que vê outras oportunidades para aumentar o negócio. Como adianta, os programas de investimento público "são o nosso mercado". Estão previstas novas escolas, hospitais, centros de saúde, habitação social... Também há obras na ferrovia, no metro e aeroporto que irão ocupar as grandes construtoras, dando espaço à TPS para aproveitar as empreitadas de menor dimensão.
Bruno Soares identificou também no produto residência universitária uma possibilidade de crescimento para a TPS e para a holding familiar Latitude Capital. A empresa comprou um terreno em Vila Real, onde vai construir 120 quartos para estudantes, num investimento da ordem dos nove milhões de euros. "Há falta deste tipo de alojamento, queremos estrear este projeto e depois replicá-lo", adianta. É na Latitude Capital que estão parqueadas a TPS, a Globaltérmica (empresa de sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado) e a promotora imobiliária Década.