Os trabalhadores da Galp lamentaram hoje o fim dos direitos especiais do Estado na "maior empresa energética do país", considerando que a petrolífera fica dependente de "arranjos accionistas" e "interesses estrangeiros" que divergem dos interesses nacionais."Se o Estado deixa de ter uma palavra a dizer tudo é possível, basta ter dinheiro para comprar as acções e logo ter uma posição forte que permita controlar a empresa", disse à agência Lusa Hélder Guerreiro, porta-voz da comissão de trabalhadores da Galp.O responsável sublinhou que os trabalhadores estão "preocupados", uma vez que a Galp é "a maior empresa de energia do país", detendo uma grande influência "no desenvolvimento económico nacional"."E o grande problema é que a empresa vai estar sujeita a arranjos accionistas que pouco ou nada têm a ver com o interesse real do país", destacou Hélder Guerreiro.Questionado sobre se o núcleo duro de accionistas portugueses da petrolífera se pode unir de forma a proteger a empresa de interesses estrangeiros, Hélder Guerreiro salientou: "O núcleo tem os seus interesses próprios e característicos que não são homogéneos entre eles. Não sabemos o que estão a perspectivar ou se poderão mudar consoante uma oferta" que apareça.O porta-voz da CT destacou que com o fim dos direitos especiais do Estado na Galp o encaixe financeiro "é irrisório", criticando o facto de "esta ser uma imposição política da "troika" e de organizações estrangeiras", que não trazem consequências para o défice e a dívida pública nacional.Hélder Guerreiro considerou ainda que o futuro da empresa "vai ficar mais incerto e com maior instabilidade".Também Augusto Valério, da CT, alerta para o facto de os vários negócios da empresa poderem ficar em causa, "desde a exploração à divisão da empresa em vários sectores, ou até mesmo os interesses das refinarias e os postos de trabalho".De acordo com os estatutos da Galp, o Estado tem direitos especiais de nomear o presidente do conselho de administração e direito de veto em deliberações que possam pôr em causa a segurança do abastecimento do país de petróleo, gás e electricidade, ou produtos derivados dos mesmos.Os novos estatutos prevêem o fim das acções de categoria A, na posse do Estado que lhe conferia direitos especiais. Desta forma, as acções de categoria A passarão a acções ordinárias, após a eliminação dos direitos especiais na reunião magna de accionistas da Galp, que hoje decorre em Lisboa.