O trabalho temporário diminuiu 6,6% no terceiro trimestre de 2023, face a igual período do ano passado, o que se traduziu na colocação de menos 7157 pessoas, de acordo com os Barómetros do Trabalho Temporário relativos aos meses de julho, agosto e setembro, divulgados pela Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego e de Recursos Humanos (APESPE-RH) e o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE).
Em comparação com o período homólogo de 2022, verificou-se um decréscimo de menos 1599 pessoas em julho (-4,4%), 2818 em agosto (-8,2%) e 2740 em setembro (-7,3%). No total, a quebra foi de 6,6%, passando das 107 976 colocações nesses três meses de 2022, para as 100 819 na mesma fase deste ano.
Não obstante a descida do número de colocações entre o terceiro trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023, os indicadores do trabalho temporário mostraram em 2023 uma recuperação comparativamente aos anos de 2020 e 2021, período crítico da pandemia.
Verifica-se, então, um crescimento de 0,3% em relação aos meses de julho, agosto e setembro de 2021, com um total de 100 488 colocações, e um acréscimo de 27,8% relativamente aos mesmos três meses de 2020, que somaram as 78 905 colocações. Contudo, e apesar de alguns sinais de recuperação, os valores de 2023 ainda comparam mal com 2019, estando 14% abaixo das colocações do terceiro trimestre do ano pré-pandemia, que totalizavam as 116 766.
Também o Índice do Trabalho Temporário, que tinha estabilizado desde novembro do ano passado, voltou a demonstrar quebras graduais desde o início do ano, acabando por se fixar, ao longo do terceiro trimestre, nos 0,96 em julho, 0,92 em agosto e 0,93 em setembro. Tais valores são inferiores ao registado nos meses homólogos de 2022.
"Ainda há um desafio de recuperação em relação ao pré-pandemia, mas também em relação ao ano passado. Isto demonstra como a atual imprevisibilidade económica, política e social que se vive em Portugal e no resto da Europa influenciam a contração da atividade no sector", comentou Afonso Carvalho, presidente da APESPE-RH.
No que diz respeito à caracterização dos trabalhadores temporários, ao nível da escolaridade, o ensino básico mantém-se como nível predominante nas colocações, entre 56% e 58% no terceiro trimestre deste ano. Segue-se o ensino secundário, com percentagens entre os 35% e os 37%, e as licenciaturas, que englobam 6% das contratações.
Ao nível de distribuição etária no terceiro trimestre, entre 25% e 27% dos colocados têm idade média acima dos 40 anos.
Relativamente à área de atuação das empresas que contraram, as que se inserem em "Fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis" mantiveram o primeiro lugar no terceiro trimestre de 2023 (cerca de 12% a 13%). As empresas de "Atividades auxiliares dos transportes" alcançam o segundo lugar no mês de julho e agosto (cerca de 8% a 9%), enquanto as empresas de "Fornecimento de refeições para eventos e outras atividades de serviço de refeições" assumem o segundo lugar durante o mês de setembro, representando cerca de 7%.
Na distribuição do trabalho temporário por principais profissões, destacam-se nesse período as "Outras profissões elementares" (entre 25% e 30%), seguindo-se os "Empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes" (entre 18% e 20%) e, em terceiro lugar, os "Trabalhadores qualificados do fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros, artesãos e similares" (entre 8% e 9%).