Transfor investe em nova fábrica no Algarve que vai criar até 400 empregos

Empresa de engenharia e indústria dedicada à construção quer fechar ano com faturação de 170 milhões de euros, contra 86 milhões em 2024. Transfor está aberta a “oportunidades” que ajudem a crescer.
Gerardo Santos
Gerardo SantosTiago Marto e António Saraiva, CEO e presidente do conselho estratégico da Transfor, respetivamente.
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A Transfor vai inaugurar uma nova fábrica em Loulé, no Algarve, que vai criar até 400 postos de trabalho, disse o fundador e CEO do grupo de engenharia e indústria dedicado à construção, Tiago Marto, numa entrevista ao DN/Dinheiro Vivo. A este investimento de 14,5 milhões de euros junta-se outro de 12 milhões na expansão da unidade industrial da Transfor em Fátima, numa altura em que a construção modular, em fábrica, é uma alternativa cada vez mais procurada no mercado e com crescente potencial de exportação.

Instalada na antiga fábrica de cervejas de Loulé, a nova unidade da Transfor no Algarve vai prestar apoio às atividades do grupo no sul do país e deverá começar a funcionar ainda este ano, após a conclusão das obras de reabilitação. Numa primeira fase serão criados 150 empregos, mas este valor deverá aumentar nos próximos anos, disseram Tiago Marto e António Saraiva (ex-líder da CIP), que preside ao conselho estratégico da Transfor. O contexto é muito favorável a este investimento, frisaram.

“Há uma tempestade perfeita: existe muita falta de mão de obra no setor da construção, numa altura em que temos uma forte procura de soluções sustentáveis para edifícios de indústria, serviços e habitação”, explicou Tiago Marto, que fundou a Transfor há 25 anos. Esta conjuntura abre oportunidades para a empresa, que se dedica, entre outros negócios, à construção off site. Neste método, as diferentes peças são fabricadas à medida e transportadas para os locais das obras, onde são colocadas pelos clientes, que no caso da Transfor são sobretudo grupos de construção nacionais e estrangeiros.

“Permite construir de uma forma mais limpa e eficiente, com menos desperdício, bem como evitar derrapagens nos custos e nos prazos”, defendeu Tiago Marto, dando como exemplo o facto de as condições climatéricas não terem impacto na prossecução dos trabalhos, ao contrário do que sucede numa obra convencional. Outra vantagem, frisou, é que se trata de uma produção mais robotizada e digital, com uma força de trabalho qualificada e que usa mais a massa cinzenta do que a muscular. “Está a haver uma grande transformação no nosso setor. Estamos a contratar muitas mais mulheres e pessoas cada vez mais qualificadas”, vincou, explicando que cerca de metade dos 300 funcionários tem formação superior. A Transfor contrata sobretudo pessoas formadas no Instituto SuperioTécnico, na Universidade Nova de Lisboa e nas faculdades de engenharia de Lisboa e Porto.

Nos próximos dez anos, o grupo pretende apostar cada vez mais na especialização em quatro grandes áreas de construção onde Tiago Marto vê muito potencial de crescimento. São estas a hotelaria e turismo, a indústria e a logística, os serviços e escritórios e a área residencial. “Estas áreas são aquelas onde estamos a apostar na especialização e formação. Temos dez hotéis em curso. Somos um dos grupos com mais hotéis em curso neste momento”, salientou.

A internacionalização é outro objetivo, com os países europeus a destacarem-se como a prioridade nos próximos anos. As exportações para mercados mais longínquos, como os EUA, o Canadá e os Emirados estão também entre os mercados onde a Transfor pretende crescer.

“Estamos a crescer por via orgânica e vamos atingir esses objetivos, mas chegaremos mais depressa se trabalharmos com outras empresas”, admitiu Tiago Marto, dando o exemplo dos consórcios de empresas espanholas que, mesmo sendo concorrentes no seu país, sabem trabalhar em conjunto quando se internacionalizam.

“Setor da construção precisa de consolidação”

Questionado sobre se a Transfor está aberta a operações de consolidação, nomeadamente através da entrada de investidores institucionais ou de fusões com outras empresas do ramo, Tiago Marto não descartou essa possibilidade. “Estamos atentos às oportunidades que acrescentem valor e que consolidem a nossa visão, mas neste momento não há nada concreto”.

“O setor precisa de consolidação para ser mais forte, para se internacionalizar e para poder participar nos grandes concursos em Portugal, nomeadamente na alta velocidade, o novo aeroporto e outros. É uma questão estratégica a nível nacional. Nos últimos anos estas obras têm sido ganhas pelos espanhois e pelos franceses”, defendeu Tiago Marto, acrescentando que “a união faz a força e o que faz sentido é uma estratégia em que várias empresas se juntem. Os modelos são todos viáveis, por aquisição, fusão ou consórcio”. Porém, frisou o CEO da Transfor, “tem de haver a mesma cultura de meritocracia e proximidade aos trabalhadores”.

Por sua vez, António Saraiva, realçou que se trata de uma empresa que tem quatro áreas de atividade, que está a investir numa “altura de grande turbulência a nível mundial”, que viu a faturação crescer 50% em quatro anos e tem uma dívida líquida igual a um ano de resultado operacional. “Uma empresa destas é apetecível”, defendeu António Saraiva, lembrando que a Transfor tem quatro áreas de negócio: Construção, Interiores, Indústria e Sustentabilidade. “Para cada uma destas quatro áreas de negócio, que têm uma certa complementaridade, temos planos de negócio próprios. Umas sem outras não conseguem crescer e a estratégia que temos é para crescerem de forma sustentada”, disse António Saraiva.

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