Tropicato. Os picolés portugueses aos quais os gigantes não fazem sombra

Nova marca portuguesa de gelados de fruta fresca artesanais quer oferecer um produto de qualidade aos menus de cinco estrelas, garantindo "uma boa margem" aos revendedores.
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Foi numa pequena concessão da praia do Tamariz, em Cascais, que tudo começou. A tradição de revenda de gelados iniciou-se com a avó, na década de 70, passando mais tarde para o pai e, há cerca de dez anos, para o elemento da terceira geração. Chegando aqui, estaria para breve uma mudança: deixar as insígnias alheias de lado para passar a ter uma própria.

Juntamente com três amigos - Catarina Simões, Sérgio Rodrigues e João Vaz Leite -, Pedro Silvestre criou a Tropicato, uma nova marca de gelados artesanais de fruta fresca, pensada para oferecer à restauração um "produto de qualidade" para revenda, que faça jus a um menu de cinco estrelas.

Inspirados nos sorbets brasileiros, estes gelados são servidos em palitos de madeira e trabalham-se apenas com fruta, água e açúcar. A preferência, diz o empreendedor ao Dinheiro Vivo, é dada a fornecedores nacionais, no entanto, sendo grande parte da fruta usada para a confeção dos picolés de origem tropical, a marca vê-se na necessidade de recorrer a produtores de outras regiões.

Após 30 mil euros investidos e o curso de gelados concluído, foi na incubadora municipal da Amadora, em Lisboa, onde a Tropicato encontrou não só desburocratização para o negócio, como o espaço para a sua cozinha. Neste canto, a imaginação de Pedro Silvestre ganha asas para criar múltiplas combinações de sabores e atribuir-lhes forma.

Com uma capacidade máxima de produção de mil gelados por hora, a empresa já fabricou, desde o início de atividade, em abril , 500 litros de gelado. A meta, diz Pedro Silvestre, é chegar a uma tonelada até ao final do verão. Destinados à revenda, os picolés com selo português garantem "uma boa margem", assegura o responsável. Os preços são fixos: os gelados de fruta simples são vendidos a 2,5 euros e os recheados a 2,95 euros. "Já trabalhei com outras marcas no quiosque e, fazendo uma análise dos últimos cinco anos, já batemos o recorde de faturação", revela. O facto de "haver mais turistas" tem igualmente contribuído para estes resultados.

A insígnia optou por incluir na sua oferta encomendas personalizadas - falamos de empresas de catering ou eventos que envolvam quantidades acima de 500 picolés, "um valor que justifica o trabalho". Baseando-se naqueles que são os gostos dos clientes, Pedro Silvestre desenvolve uma receita, apresenta-a e, no caso de ser o pretendido, "fabrica-se um lote único", mudando formas e saquetas.

Entrar no retalho não faz parte dos planos da marca, que afasta a possibilidade da distribuição massiva. Contudo, a ponderação poderá ser outra se em causa estiverem "espaços ou secções gourmet, em que há menos quantidade, mas há mais qualidade". Questionado sobre os gigantes dos gelados em Portugal, Pedro Silvestre garante não haver hipótese de sombra para os picolés. "Temos uma identidade que nos distancia dos concorrentes. É mais difícil para as grandes marcas adaptarem-se ao mercado (que cada vez mais procura opções naturais ), porque têm um público ao qual não podem dizer não".

Atualmente vendidos no quiosque da família Silvestre, os gelados artesanais preveem marcar presença em entre 25 a 30 pontos de revenda até setembro de 2023. Numa primeira fase, Lisboa, Centro, Litoral Alentejano e Algarve serão as regiões a conquistar.

Embora a produção de picolés seja o seu foco, futuramente a Tropicato poderá vir a "diversificar e trabalhar a fruta noutros campos, como o gelato italiano", adianta o responsável, ressalvando que, para isso, seria necessário outro tipo de maquinaria, bem como diferentes capacidades de produção. O próximo passo, "indispensável até ao final do ano", é aumentar a equipa - e o primeiro contrato destina-se à cozinha.

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