Trumpalhadas ou nem tanto! 

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Após a sua eleição, Donald Trump anunciou que nomearia Elon Musk para coordenar um novo departamento para a eficiência governamental ou, na sua linguagem mais direta, para cortar custos do governo federal. Não foi surpresa: Musk já se tinha “batido” ao cargo ao anunciar, num comício, que se propunha reduzir, em cerca de 2 biliões de dólares, o total de cerca de 6 biliões de despesa federal. Perante estes números, uma de duas: ou a administração americana é um poço de desperdício ou a coisa não vai ser bonita de se ver.

Entretanto, pus-me a pensar o que aconteceria, por cá, se o Governo lançasse um repto semelhante a um painel de empresários: afinal, há tanta reclamação que talvez fosse uma boa ocasião para os desafiar a sugerir o que fazer, em concreto. Não temos, para o bem e para o mal, nenhum Musk, mas talvez se arranjasse um nome mais consensual, essencial para a eficácia do exercício (se não fosse meu amigo, sugeriria o de Luís Portela). O caderno de encargos não deveria ser focado no corte de custos, mas numa reestruturação da orgânica de funcionamento que ambicionasse a cortes de custos, mas também a ganhos de eficácia que poderia passar, mesmo, pela criação de novos serviços. Ao contrário da cultura americana, haveria compensações para eventuais cessações de contratos ou deslocações. Em comum com o que Musk propõe, a transparência no funcionamento desse painel seria total.

Nos Estados Unidos, há um risco grande que a pressa libertária seja má conselheira e se deite fora o bebé com a água do banho. No nosso caso, seria trabalho com o ritmo apropriado e exigiria uma dotação para compensações. Para este tipo de decisões estratégicas, haveria vantagem em ter o tal mal-amado fundo soberano que aqui já sugeri e Medina, entretanto, propôs.

Repetindo, a dotação viria dos dividendos do Banco de Portugal e da Caixa, das receitas dos prémios de jogo, dos concursos para exploração do solo ou mar e outras receitas não contributivas ou fiscais.

O Governo não fará, nem uma coisa, nem outra. O que impede a CIP, ou a BRP, de darem conteúdo ao discurso?

Economiste a Professor Universitário

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